Antônio de Oliveira, do Pará; Banda Mordida, de Santos, e Lilian, catarinense radicada no Rio: três exemplos de como a MPB é capaz de revelar talentos o tempo todo.
Por Wagner de Alcântara Aragão (@waasantista), postado de Curitiba
A música-manifesto, mas sem perder a alegria
Antônio de Oliveira é um talento que vem do Norte. Mais precisamente, de Belém do Pará. Lançou seu primeiro álbum no finalzinho de 2016, e começou 2017 participando de programa de televisão e gravando videoclipe de pelos menos duas músicas do álbum citado.
O som de Antônio de Oliveira tem ritmo, sonoridade e sotaque paraenses, mas as letras abordam temáticas globais.“É uma música de protesto, mas que vai brincando. É um protesto sadio. Não que existam ‘protestos doentes’. Mas é um protesto através de uma alegria, que é o que tento passar. É um protesto mais feliz. Uma maneira de chamar a atenção pela alegria. Dizendo que existimos e somos felizes. É um protesto dessa maneira.”
Militante das causas LGBT, é esse público principalmente que Antônio de Oliveira busca representar na música popular brasileira.
“Me assumi gay aos 21 anos de idade (tem 23 hoje) A gente não tem representatividade [na música]. As músicas falam daquilo que eu queria falar: o ecletismo [religioso], muito reprimido aqui e no Brasil inteiro, então quis falar de terreiro, que é tratado com muito preconceito; sobre feminismo, movimento negro, e principalmente movimento LGBT; quero que eles sintam a representatividade que eu posso dar.”
Quer conhecer mais dessa revelação da MPB? Aqui tem uma entrevista bem legal com Antônio de Oliveira: http://migre.me/w1zqV.
Banda Mordida. Ela morde
Há menos de um ano a Banda Mordida deixou marcas na Concha Acústica, na Praia do Gonzaga, em Santos: numa agradável noite de um sábado de abril – mais precisamente, dia 2 daquele mês – ela encantou o público que ocupou todos os 220 lugares do espaço, tradicional ponto de espetáculos da cidade.
Não era a estreia do grupo – foi formado em novembro de 2015 – mas o show na Concha Acústica parece ter sido o encontro, a apresentação entre a Banda Mordida e a cidade de Santos. Novos convites surgiram, planos traçados foram reafirmados; público fiel foi se constituindo, e o boca a boca fez mais gente se interessar em ver a turma de perto. Samba, samba rock, rock, pop, clássicos do passado e contemporâneos da mpb compõem o leque de canções que a Banda Mordida utiliza para ‘morder’ o público.
Neste link (http://migre.me/w1zyB), você confere uma entrevista feita com a vocalista da Banda Mordida, Juliana Damázio. “A arte une as pessoas, isso acho incrível, e isso quero que não acabe nunca”, reflete ela, sobre sua carreira, a trajetória da banda e a recepção do público.
Lilian: das redes sociais para o “The Voice”
Não é de hoje, você sabe, que Milton Nascimento e Fernando Brant eternizaram em canção: “todo o artista tem de ir aonde o povo está”. O artista chegar até o público e o público chegar até o artista têm sido cada vez mais fácil, com as novas (já não tão novas) tecnologias da informação. Essas novas ferramentas permitem a músicos, por exemplo, gravarem e compartilharem sua criação sem a necessidade de intermediários (indústria fonográfica, distribuidores). A relação é direta, e de mão dupla.
A gente vê essa renovação na música popular brasileira. É a reinvenção de formas de comunicação. Mas é a MPB se reinventando com novos talentos artísticos também.
A cantora e compositora Lilian, catarinense de Lauro Muller e radicada no Rio de Janeiro desde 2011, é um dos nomes novos da MPB que têm se destacado pela beleza de suas canções e pela forma com que se comunica com seu público, via redes sociais. Há menos de um ano, Lilian gravou seu primeiro álbum, depois de uma campanha de financiamento coletivo via internet, e de consulta aos fãs, que ajudaram a selecionar as músicas, e até os nomes das canções – tudo via redes sociais.
No final de 2016, Lilian, que já era admirada no mundo virtual, participou do The Voice Brasil e se tornou ainda mais conhecida. 2017 começa com a agenda de show cada vez mais preenchida.
À Rede Macuco, Lilian falou de seu primeiro contato com a música, quando ainda criança, e da interação que mantém com seu público, via twitter, snapchat, facebook e outros canais na internet. Confere lá: http://migre.me/w1zBJ.
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