Beija-Flor e Imperatriz Leopoldinense despontam como favoritas; Vila Isabel e Salgueiro também se destacam. Acidente com carro alegórico da Tuiuti entristece
Por Wagner de Alcântara Aragão, do Rio de Janeiro | Fotos e vídeos: Lindrielli Rocha
A primeira noite de desfiles das escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro foi marcada pela presença indígena, principalmente, e também por elementos da cultura afrobrasileira, em grande parte das apresentações das seis agremiações que pisaram a Passarela do Samba Darcy Ribeiro, na Avenida Marquês de Sapucaí.
Menção especial à Beija-Flor que, com um enredo sobre Iracema, o romance de José de Alencar, inovou ao desfilar sem a tradicional divisão por alas. Por toda avenida, o que o público pode ver foi uma extensa performance que retratava elementos da cultura indígena – rituais, vestimentas, utensílios, brados aguerridos.
Pouco antes de assumir o microfone do carro de som, o intérprete oficial da escola, Neguinho da Beija-Flor, conversou com a Rede Macuco sobre o desafio de conduzir o desfile inovador a que se propunha a agremiação.
“São 41 anos [puxando o samba da Beija-Flor]. É um desafio muito grande. É um desafio também interpretar este samba, que os críticos apontam como o melhor samba deste ano. Mas vamos lá’, declarou o cantor, ao mesmo tempo que era ovacionado pelo público da arquibancada do setor 1, e chamado para posar para fotos. Neguinho procurou, na medida do possível, atender todos os pedidos.
XINGU
Também repleta de representatividade de povos indígenas estava a Imperatriz Leopoldinense, que se apresentou falando sobre o Parque Nacional do Xingu. Como era esperado, não faltaram a exaltação à riqueza dos povos nativos brasileiros e do ecossistema da região. A crítica ao agronegócio, motivo de polêmica no início de ano, se confirmou: uma ala denunciava a aplicçaão desenfreada de agrotóxicos.
Desfilando pela primeira vez, Alberto Carlos Pereira era um dos integrantes dessa ala. Na Praça da Apoteose, ao final do desfile, não escondia a satisfação por ter feito parte desse manifesto. “É muito importante falar desses assuntos. Achei muito bom a Imperatriz ter feito esse enredo”, aprovou o folião.
Outra escola que impressionou, pelo belo samba-enredo , pela garra dos componentes e pelo capricho dos acabamentos de fantasias e alegorias, foi a Vila Isabel, que abordou a influência negra no surgimento dos mais variados gêneros musicais. O último carro alegórico trouxe Martinho da Vila em um trono, coroado como rei.
IVETE SANGALO
A maior expectativa da noite estava em torno da participação de Ivete Sangalo, enredo da Grande Rio. A cantora não decepcionou: demonstrou a alegria e garra que lhe são características, e sacudiu a Marquês de Sapucaí. A apresentação da escola de Caxias, porém, deixou a desejar. O enredo parece não ter sido bem desenvolvido; a escola desfilou muito acelerada também. O último carro alegórico atrasou e no trecho inicial formou-se um vazio entre a ala que antecedia a alegoria e a alegoria propriamente dita.
O Salgueiro procurou inovar também, ao fazer com que sua bateria deixasse o primeiro recuou logo aos 10 minutos de desfile. A iniciativa parece ter prejudicado a evolução e a harmonia da escola. O gigantismo e luxo das alegorias e o samba, entoado pelo público, pesam a favor da agremiação da Zona Norte.
ACIDENTE
A primeira noite só não foi de todo alegre porque um acidente com um carro alegórico da Paraíso do Tuiuti deixou 20 feridos, e causou pânico na área de concentração. Falando sobre a Tropicália, a escola estava a empolgar o público, puxado sobretudo pelo intérprete, Wantuir, e o belo samba da agremiação da região central do Rio.
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NOTA DA REDAÇÃO| Em breve, publicaremos galeria de fotos e vídeos dos desfiles