O ator Jorge Neto, que entre outros trabalhos participou do sucesso de crítica e público “Moçambique”, fala sobre a estreia da temporada, que segue até dia 29
Por Wagner de Alcântara Aragão, de Curitiba
Estreou nesta semana e permanece em cartaz até o dia 29, no Teatro Pequeno Ato, em São Paulo, a peça “A Demência dos Touros”, que tem entre seus principais propósitos aproximar as pessoas transgêneras das artes cênicas. Além de a temática ser diretamente relacionada com a realidade dessa população, não há cobrança de ingresso para esse público.
Quem explica é um dos atores da peça, Jorge Neto, em conversa com a Rede Macuco. Ele conta que a estreia, na quarta, dia 7, foi com “plateia cheia” e um público “muito atento em perceber o caminho do texto e as diferentes performances de gênero de cada personagem”. No entanto, observou o ator, ao menos no primeiro dia a maior parte dos espectadores era de cisgêneros (pessoas que se identificam com o seu gênero de nascença). O desafio, portanto, é conseguir levar o público transgênero para assistir à peça.
“Mesmo oferecendo gratuidade na entrada para pessoas transgênero, aparentemente o público [na estreia] era majoritariamente cisgênero branco. Isso mostra as dificuldades do acesso a direitos básicos, aos quais esse grupo ainda não tem”, assinalou Jorge Neto. “Mas esperamos, com o apoio da nossa provocadora Dodi Leal, artista-educadora que pesquisa a temática das poéticas sociais de transgeneridade, em seu doutorado em Psicologia Social, pela USP, que até o fim da temporada possamos encontrar maneira de possibilitar esse acesso, mesmo que pontual”, acrescentou o ator.
Do grupo teatral Perverto, a peça “A Demência dos Touros”, apresenta – ainda conforme explica Jorge Neto – “o universo distópico de uma cidade murada, na qual apenas algumas pessoas têm permissão para viver do lado de dentro, enquanto a maioria pode atravessar o muro apenas para trabalhar. A ação se desenrola no interior da cidade, e revela os impasses de uma sociedade cis-normativa”.
FICHA TÉCNICA DA PEÇA
- Direção: Ines Bushatsky
- Texto: João Mostazo
- Dramaturgismo: Dodi Leal
- Elenco: Felipe Carvalho, Felipe Lemos, Jorge Neto, Pedro Massuela e Rafael de Sousa
- Direção Musical e Composição: Vinícius Fernandes e Gabriel Edé
- Iluminação: Felipe Boquimpani
- Direção de Arte: Lídia Ganhito
- Provocadorxs: Dodi Leal e Luiz Fernando Ramos
- Assessoria de Imprensa: Amaré Cultural
- TEMPORADA: de 7 a 29 de junho, às quartas e quintas, às 21h (exceto em 15 de junho)
- ONDE: Teatro Pequeno Ato | Rua Dr. Teodoro Baima, 78, República, São Paulo (SP)
- INGRESSOS: R$ 20 (meia) e R$ 40 (inteira). Entrada gratuita para pessoas transgêneras
SOBRE O ATOR
Jorge Neto, natural de Umuarama (PR), é Licenciado em Teatro e Cinema, ramo Atores, na Escola Superior de Teatro eCinema (ESTC) em Lisboa, Portugal, como intercâmbio na USP. Entre outros trabalhos, atuou no espetáculo português “Moçambique”, que entre março e abril foi apresentada no Brasil (Festival de Curitiba e Sesc Vila Mariana, São Paulo). A peça recebeu o prêmio SPA/RTP (Sociedade Portuguesa de Autores/Rádio e Televisão Portuguesa); no Festival de Curitiba esteve entre as mais admiradas pelo público.
Jorge Neto atuou ainda em “Rei Leão”, da Broadway, como “Banzai” no elenco principal; “Life and Times – episode 2”, com a companhia nova-iorquina Nature Theatre of Oklahoma; em “Coro”, com a companhia Projecto Teatral e com a companhia do Teatro Independente de Oeiras. Tem também trabalhos no cinema “Roads to Olympia”, “Quito”, “Gravidade”, “Feedback” e “Papel Perfeito”.
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