A importância da alimentação saudável na gravidez

Especialistas da Fiocruz dão dicas práticas para as gestantes; fazer seis refeições diárias, com intervalos de três horas, é uma delas

Por Suely Amarante, do IFF/Fiocruz; foto de Henrique Chendes/Imprensa MG

A gravidez é um período especial na vida de qualquer mulher. Até o momento em que o bebê anuncia a chegada, sobram ansiedade, dúvidas e preocupações. Entre as mais comuns, estão as sobre a alimentação. Afinal, o que não pode faltar no prato? Devo fazer quantas refeições ao dia? E por aí vai.

Não existe uma fórmula aplicável a todas as mulheres, já que o organismo de cada uma determinará as suas necessidades. Há recomendações, contudo, que podem ser consideradas universais, como a moderação no dia a dia. Nada de adotar o discurso de que precisa comer por dois e se empanturrar de doces e frituras.

O excesso de peso pode trazer diversas consequências negativas à saúde da mãe e do próprio bebê. O mesmo, é claro, vale para aquelas que, com medo de engordar, optam por uma dieta bastante restritiva. A lista de problemas relacionados às atitudes inclui riscos durante o parto, ao desenvolvimento da criança e, para ambos, tendência à obesidade, doenças cardiovasculares e diabetes.

As nutricionistas Roseli da Costa, Tainá Marques e Marcela Paranhos, da Coordenação Técnica de Nutrição do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), explicam sobre essa nova fase alimentar na vida das futuras mamães.

IFF/Fiocruz: Qual a importância de uma boa alimentação na gravidez?

A gestação é um excelente período para que a mulher desenvolva novos e melhores hábitos alimentares. Muitas vezes estes novos costumes permanecem após o parto, proporcionando mais qualidade na alimentação não só da gestante, como de toda sua família e do seu bebê. Uma alimentação adequada fornecerá os nutrientes necessários à mãe durante a gestação e servirá de reserva de energia e gordura para amamentação, e também é essencial para a nutrição via placenta do feto, que depende destes nutrientes para crescer e se desenvolver.

IFF/Fiocruz: O que não pode faltar no prato?

A alimentação durante o período gestacional deve ser variada, balanceada e completa, com o objetivo de fornecer os nutrientes necessários ao feto e à mãe. Deste modo, manter a ingestão de todos os grupos alimentares da pirâmide alimentar é o recomendado. Preferir legumes, verduras, cereais integrais (pão, arroz integral, massa integral), leguminosas (lentilha, ervilha, feijão preparado sem carnes gordas), carnes magras e, gorduras boas, como o azeite de oliva extravirgem na dose certa, para compor o almoço e o jantar, por exemplo. As refeições intermediárias, como o desjejum e o lanche da tarde podem ser compostos por pão integral, queijo magro, leite ou iogurte e a ceia, por frutas. Optar pela versão mais natural e menos industrializada dos alimentos é o correto. Se possível, a escolha dos alimentos orgânicos, como ovos, legumes, verduras e frutas, atualmente também é recomendada.

IFF/Fiocruz: Quantas refeições a gestante deve realizar ao longo do dia?

De preferência, seis refeições diárias, incluindo: desjejum, colação, almoço, lanche, jantar e ceia, com adequada distribuição nutricional, e com intervalos regulares de três horas entre cada uma delas.

IFF/Fiocruz: Há uma estimativa de quantos quilos a mulher deve engordar durante a gestação?

O ganho de peso na gestação deve ser suficiente para promover o desenvolvimento fetal completo e também para armazenar nutrientes adequados no organismo materno para o aleitamento. Nenhuma mulher deve perder peso durante a gravidez, independente do seu Índice de Massa Corporal (IMC) antes de engravidar. O Institute of Medicine (IOM) recomenda as faixas de ganho de peso ideal durante a gestação.

No caso de gestação de feto único, o ganho de peso total (kg) recomendado é: gestantes com baixo peso pré-gestacional: entre 12,5 e 18 kg; gestantes com peso adequado pré-gestacional (eutróficas): entre 11,5 e 16 kg; gestantes com sobrepeso pré-gestacional: entre 7 e 11,5 kg; gestantes com obesidade pré-gestacional: entre 5 e 9 kg.

A recomendação de ganho de peso total (kg) provisória do Institute of Medicine (2009) para gestação gemelar, de acordo com a classificação do IMC pré-gestacional é: peso adequado (eutróficas): 17-25 kg; sobrepeso: 14-23 kg; obesas: 11- 19 kg.

Segundo a ADA (2002), para gestante trigemelar o ganho de peso gestacional total deve ser de 22,7kg.

A gestante deverá ter acompanhamento nutricional no pré-natal, para avaliação do estado nutricional, detecção de possíveis inadequações dietéticas, desmistificação de mitos e realização da educação alimentar e nutricional. As consultas devem ser iniciadas, preferencialmente, no primeiro trimestre da gestação.

IFF/Fiocruz: Algumas mulheres, com gêmeos, perdem bastante peso durante e após a gestação por causa dos filhos. É recomendada a utilização de suplementos nutricionais?

Em algumas situações específicas quando não se consegue atingir a demanda extra de calorias e/ou de micronutrientes por meio da alimentação, a suplementação nutricional pode ser indicada, principalmente em gestantes que já apresentam deficiência de algum nutriente, em quadros de desnutrição, ou em populações de risco. No entanto, tal indicação só poderá ser realizada pelo médico e pelo profissional nutricionista que acompanham a paciente.


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