Depois de anos de luta, enfim mais dez procedimentos baseados em conhecimentos populares vão ser oferecidos em unidades básicas de saúde de todo o Brasil
Por Emilly Dulce, do Brasil de Fato
Dez novos procedimentos terapêuticos baseados em conhecimentos populares estão oficialmente incorporados ao Sistema Único de Saúde (SUS), a partir deste mês. Agora, somam-se agora 29 práticas de medicina integrativa e complementar na saúde pública brasileira.
Os serviços vão ser oferecidos em 9,3 mil unidades de saúde em 3,1 mil municípios brasileiros.
[O Ministério da Saúde não divulgou a partir de quando. A Rede Macuco orienta ao leitor/leitora interessado que entre em contato com a Ouvidoria do SUS em seu município para obter informações sobre sua localidade]
Os tratamentos são voltados para a atenção básica, ou seja, prevenir a doença antes que ela comece a existir.
Os novos serviços ofertados pelo SUS incluem a apiterapia (que usa produtos fabricados por abelhas como o pólen, o própolis e o mel), a aromaterapia (modalidade que extrai óleos essenciais de plantas) e a cromoterapia (que usa as cores para equilibrar o organismo e tratar doenças), entre outros.
PRÁTICAS DO POVO
Aliada aos métodos da medicina tradicional, as práticas integrativas promovem a melhoria da qualidade de vida dos pacientes, como destaca a experta Edinaldo Correia Novaes, do Coletivo Nacional de Saúde do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
“Além de serem práticas não invasivas e econômicas, não vão contra o bem estar da população e do povo. São práticas que vieram do povo, então nada mais justo do que elas estarem a serviço do povo e reconhecidas pela instituições científicas, como o Ministério da Saúde e o Sistema Único de Saúde”, afirma.
Por ano, quase cinco milhões de brasileiros procuram pelos métodos alternativos. Segundo o Ministério da Saúde, das 19 terapias que já eram oferecidas, a mais solicitada até hoje é a acupuntura.
LONGA LUTA
O médico sanitarista Heleno Corrêa Filho, professor aposentado da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), lembra que as técnicas integrativas são milenares e mais velhas que a própria medicina moderna. Por isso, ele defende que o atendimento dessas práticas não se limite à classe médica.
“Foi uma longa luta, por exemplo, para que o Conselho Federal de Medicina e os conselhos regionais reconhecem práticas como homeopatia e acupuntura e, quando essas especialidades foram oficialmente credenciadas para médicos, passou a haver uma competição corporativa para que somente médicos executassem essas práticas”, diz.
Edinaldo, do MST, concorda. “O nosso Sistema Único de Saúde tem que se permitir conhecer mais a população que tem domínio dessas práticas, porque muitas vezes só permitem quem tem o conhecimento mais científico através das universidades e graduações”.
REDUÇÃO DE VERBAS AMEAÇA APLICAÇÃO
A medida é positiva por trazer mais reconhecimento às práticas complementares, mas, para Heleno, ela deve ser vista com muita cautela. Ele destaca a redução de verbas para o SUS e o congelamento do orçamento até 2036 [impostos pelo governo golpista], afirmando que o objetivo do governo é o de sucatear o sistema de saúde para incentivar sua privatização.
“Ela é uma medida tomada sem maiores consultas e sem maiores explicações, como todas as medidas que esse governo faz, para um cavalo de tróia, porque certamente junto com essa medida vem outras coisas que o governo está fazendo, como credenciar planos populares de saúde para tomar dinheiro de pobre”, completa.
O ato de inclusão das novas terapias foi assinado na abertura do Primeiro Congresso Internacional de Práticas Integrativas e Complementares e Saúde Pública, no dia 12 de março.
Imagem em destaque: aromaterapia. Do site do Brasil de Fato
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