O auxílio às vítimas do edifício do Largo do Paissandu

Interessados em doar alimentos e artigos de higiene devem entregar os itens aos moradores que permanecem no próprio local, onde estão sendo assistidos

Por Camila Maciela, repórter da Agência Brasil | De São Paulo

Alguns moradores do prédio no Largo do Paissandu, que desabou nesta terça-feira, di 1º, após um incêndio, decidiram passar a madrugada na rua em vez de ir para albergues oferecidos pela prefeitura. “A gente não quer ser esquecido pelo governo”, disse a vendedora ambulante Jéssica Matos, 20 anos, que sobreviveu ao incêndio do edifício. Ela passou a noite com a mãe e a irmã, deficiente mental, na calçada do largo.

É no próprio Largo do Paissandu, por sinal, que a de assistência social tem acolhido os sobreviventes. Na terça-feira mesmo foi feito o cadastro das famílias desabrigadas. Na manhã desta quarta-feira, foram oferecidos serviços como banho, atendimento médico e alimentação às pessoas que passaram a noite na praça. Donativos – alimentos, água, artigos de higiene pessoal – estão sendo entregues em frente à igreja vizinha ao edifício que desabou com o incêndio.

O restaurante Estrela do Paissandu, também no largo, também está funcionando como ponto de apoio. Nesta quarta, abriu apenas para receber fornecedores e apoiar o trabalho do Corpo de Bombeiros, dos policiais militares e dos jornalistas. “Os clientes da rua mesmo não conseguem entrar. A gente abriu aqui para apoiar quem está trabalhando. Tem banheiro, se quiserem usar, e tomar um café”, disse o proprietário, Josias Queiroz.

“ERA MEDONHO MORAR LÁ”

A auxiliar de limpeza Marta da Cruz, 54 anos, também passou a noite na calçada do Largo Paissandu. “Morava lá há 7 anos, desde o começo. Não era bom morar lá, era medonho, mas era sobrevivência porque aluguel está muito caro aqui no centro”, disse. Ela morava com um gato que não conseguiu salvar do incêndio. “Era minha companhia. Ele fugia sempre que eu tentava pegar ele”, lamentou. Marta saiu do prédio em chamas apenas com a roupa do corpo e recebeu doações já na rua.

Os trabalhos do Corpo de Bombeiros continuaram pela madrugada com cerca de 100 homens. Nesta quarta pela manhã foi utilizada uma escavadeira para retirar os escombros, pois não há interferência na parte estrutural do prédio, tendo em vista que ainda estão sendo feitas buscas por desaparecidos.

Imagem em destaque: famílias desabrigadas após o incêndio. Foto de Rovena Rosa/Agência Brasil


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