É a constatação de uma pesquisa, a qual aponta que apenas para atletas há a necessidade de maior atenção com o processo de recuperação muscular.
Por Fernanda Roza (bolsista) e Marcilio Costa, da Comunicação da UFS | De São Cristóvão (SE)
Vegetarianos representam 14% da população brasileira, segundo o Ibope – os dados incluem os veganos, que excluem do seu cardápio, além da carne, quaisquer outros produtos de origem animal. Esse percentual, de 2018, mostra um crescimento significativo do número de vegetarianos no país, quase dobrando os 8% levantados em 2012.
Mesmo com esse avanço, há quem pense que os adeptos de dieta vegetariana tendem a ser fisicamente mais fracos do que os onívoros (pessoas que comem de tudo). Porém, pesquisa realizada no mestrado em Educação Física da Universidade Federal de Sergipe (UFS) mostra que não é bem assim.
“A sociedade, de um modo geral, acredita que o vegetariano é mais fraco, só que existem muitos relatos de atletas de alto rendimento que não comem carne e têm um bom desempenho. Então ficamos na dúvida se era o que a ciência mostra ou se é o que a população acha”, conta a autora da dissertação, Alice Conrado.
MESMO DESEMPENHO
O estudo comparou o desempenho físico entre indivíduos fisicamente ativos aderentes à dieta ovolactovegetariana, vegana e onívora.
Com isso, foi possível concluir que os atletas veganos e vegetarianos possuem o mesmo desempenho físico dos atletas onívoros.
A orientadora da dissertação, Raquel Simões, comenta que há muita controvérsia a respeito do tema, o que também foi um elemento motivador.
“Primeiro, pela dificuldade de definir o que é um vegetariano. Segundo, pela vasta metodologia que existe para avaliar o desempenho físico, que pode ser avaliado sobre diversas óticas, por exemplo: frente a uma resistência em correr por muito mais tempo, como também por uma maior capacidade de força. Tudo isso são potências físicas que as pessoas podem desenvolver com exercícios. Então, até que ponto ser vegetariano influencia nisso? E, realmente, é um fator negativo não ingerir proteína de origem animal?”, provoca Raquel, que é docente do Departamento de Nutrição.
TIRA-DÚVIDAS
Para esclarecer essas dúvidas, foram realizados dois estudos. No primeiro, foi avaliado o desempenho físico dos atletas, e no segundo, a recuperação muscular.
No primeiro teste, os atletas tiveram que levantar peso, fazer corrida máxima, para saber a capacidade cardiovascular, e também teste de salto vertical.
“Em todos esses, eles desempenharam força máxima, para sabermos qual a capacidade física que tinham de executar determinadas habilidades. Nesse aspecto, os vegetarianos não eram diferentes do onívoro, até apresentaram vantagem no desempenho cardiorrespiratório”, explica.
RECUPERAÇÃO MUSCULAR
No segundo estudo, Alice identificou que a dieta vegana, com baixo fornecimento de proteínas e aminoácidos, pode prejudicar a recuperação da função e do dano muscular causado após exercício. Nesse caso, ela comparou somente os veganos com os onívoros.
“Acreditávamos, de acordo com o que a literatura mostra, que o não consumo de proteína animal poderia prejudicar a recuperação muscular após exercício dos adeptos à dieta vegana. Então queríamos avaliar se o vegano, que não tem esse suporte do aminoácido, seria diferente do onívoro. E identificamos que eles realmente têm uma redução do desempenho físico, por terem um menor aporte de aminoácidos essenciais, que são importantes para recuperação muscular”, diz a pesquisadora.
SUPLEMENTAÇÃO
Ainda segundo ela, a recomendação, nesse caso, é a suplementação. Ou seja, os atletas adeptos a dieta vegana, para suportar a falta de proteína animal, devem ingerir mais suplemento de aminoácidos essenciais. Mas isso é só para quem é atleta de alto rendimento, que necessita de uma recuperação muito mais rápida em comparação com uma pessoa que não tem uma carga de treino muito alta.
Além disso, é fundamental que todo praticante de atividade física, independente da dieta, tenha um acompanhamento nutricional, para equilibrar a quantidade de nutrientes. “No geral, todos indivíduos necessitam ingerir a quantidade certa de nutrientes adequada para o corpo, para obter uma qualidade alimentar e para que o exercício realmente faça efeito”, conclui Alice.
A dissertação está disponível na íntegra no Repositório Institucional da UFS, clicando aqui.
Imagem em destaque: opções veganas. Foto: divulgação Caiçara Vegan Fest/Santos
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