Movimentação de pessoas por conta das festas de fim de ano preocupa especialistas, que pedem: evitem-se saídas, reuniões e aglomerações
Da Agência Fiocruz | Do Rio de Janeiro (RJ)
O aumento de casos e internações por covid-19 desde novembro está encontrando um sistema de saúde menos preparado para atender à demanda por leitos de enfermarias e UTIs.
E isso ocorre não só nas regiões metropolitanas, como também nas cidades menores do interior.
A possibilidade de colapso do atendimento aos novos casos é real e poderá acontecer nas próximas semanas, agravada pela chegada das festas de fim de ano e das férias.
A maior movimentação de pessoas – no comércio, em encontros entre amigos e familiares – aumenta esse risco.
O alerta é da Fiocruz, na nota técnica “O fim do ciclo de interiorização, a sincronização da epidemia e as dificuldades de atendimento nos hospitais”, desenvolvida pela equipe de pesquisa do MonitoraCovid-19.
A maior circulação de pessoas (inclusive viagens), além de disseminar o novo coronavírus, faz crescer a incidência, por exemplo, de outras situações que exigem atendimento em saúde – como acidentes de trânsito.
“Na maioria dos lugares a assistência à saúde deverá ser incapaz de atender à demanda”, alerta o epidemiologista Diego Xavier, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) e um dos autores do estudo.
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Confira abaixo trecho da nota técnica da Fiocruz; a íntegra pode ser lida clicando aqui:
“Nos próximos meses, a busca por assistência especializada pode aumentar simultaneamente, nas regiões metropolitanas e no interior, provocando novo colapso do sistema de saúde (…) No Brasil, a dimensão territorial do país dificulta o acesso geográfico ao atendimento. Some-se a isso a concentração de recursos em áreas metropolitanas e capitais mais densamente povoadas. A circulação das pessoas no período de festas de fim de ano e férias deve acelerar a disseminação do vírus, que já circula com bastante velocidade e volta a ocupar os leitos hospitalares. A movimentação das pessoas tende a aumentar a necessidade de atendimento por outros agravos de saúde como os acidentes de trânsito, por exemplo”.
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Segundo a nota técnica, as regiões metropolitanas (RMs) compreendem apenas 177 do total de 5.570 cidades existentes no Brasil.
Porém, sua população total é de cerca de 70 milhões de habitantes, representando 33% da população nacional.
Até o final de maio, cerca de 67% dos óbitos por covid-19 no Brasil foram registrados nas regiões metropolitanas. Com a interiorização da doença, no último dia de outubro essa proporção se inverteu.
“As regiões metropolitanas passaram a representar somente 33% do total de óbitos registrados no país, demonstrando o que pode ser considerado como o fim do processo de interiorização”, diz a nota técnica.
Um importante indicador da dessasistência de saúde está nos números de óbitos fora da UTI.
Segundo a nota técnica, a “falta de UTI foi ainda mais expressiva nos municípios do interior, sobretudo pela dificuldade de acesso e as longas distâncias que devem ser percorridas em busca de atendimento”.
Imagem em destaque: estudante faz teste para covid-19 em Salvador. “Segunda onda” atinge sobretudo os mais jovens. Foto de Josenildo Almeida/Fotos Públicas
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