Na lista, racismo, violência contra mulher e populações vulneráveis, destruição do meio ambiente e do patrimônio público, desgoverno no enfrentamento da pandemia e sua crise
Por Wagner de Alcântara Aragão (@waasantista) | De Curitiba (PR)
É gigantesca a lista de fatos e episódios em 2020 que geraram indignação.
Casos de racismo, de violência contra a mulher, contra a população LGBTQI+, descaso com indígenas, quilombolas e ribeirinhas; violência contra crianças, adolescentes e idosos.
Desdém de autoridades para com os mais vulneráveis.
Aumento da desigualdade social, raiz dos nossos males.
Entrega do patrimônio público nacional.
Destruição do meio ambiente.
Atentados contra a democracia e a soberania do Brasil.
A indignação não pode ser efêmera, e durar só o tempo em que a hashtag estiver em destaque nesse tribunal paralelo, e perigoso, que são as redes sociais.
Uma porção de fatos em 2020 precisam de ser anotados e cobrados em 2021.
Cobrados de quem? Das instituições, lideranças e autoridades competentes pelo encaminhamento, e das responsáveis por meios de mobilização, pressão.
Listamos alguns desses fatos. Seguramente outros poderão ser acrescentados; o leitor e a leitora fica à vontade para inserir nos comentários.
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Os fatos de 2020 que precisam ser cobrados em 2021:
- As responsabilidades das autoridades federais – a começar pelo presidente da República e pelo ministro da Saúde – pelas mortes por covid-19. Nas primeiras semanas de janeiro de 2021, o Brasil deve ultrapassar 200 mil vidas perdidas
- As responsabilidades das autoridades federais – a começar pelo presidente da República e pelo ministro da Economia – pela falta de políticas para os mais pobres, os trabalhadores empregados e desempregados, as micro, pequenas e médias empresas, no enfrentamento da pandemia
- As responsabilidades das autoridades federais – a começar pelo presidente da República e pelo ministro da Economia – pelo privilégio ao sistema financeiro e a megas grupos econômicos, durante o caos social da pandemia de covid-19
- Justiça pela morte do menino Miguel, filho da empregada doméstica Mirtes Renata Souza, que estava sob os cuidados da patroa, Sarí Gaspar Côrte Real, em Recife
- Justiça pela morte das meninas Emily e Rebeca, vítimas de balas disparadas em operação policial em Duque de Caxias (RJ), e por todos os demais casos similares ocorridos em 2020, e que não param de acontecer nas periferias das cidades brasileiras
- Justiça pela morte de João Alberto Silveira Freitas, espancado por seguranças no Carrefour em Porto Alegre, e por todas as outras violências racistas registradas em 2020
- Andamento do processo contra o desembargador Eduardo Siqueira, flagrado humilhando guarda municipal na praia de Santos, recusando-se a, como todos os cidadãos, respeitar o decreto de uso obrigatório de máscara
- Andamento do processo contra os que atentaram contra a vida, a dignidade e a integridade da menina do Espírito Santo, de 10 anos, vítima de estupro, e que precisou passar por procedimento (legal, Constitucional) de interrupção da gravidez
- Andamento dos processos contra os casos de racismo e lgbtfobia, representados, entre outros, pelas ameaças às vereadoras eleitas Duda Salabert (Belo Horizonte), Ana Carolina Dartola (Curitiba), Ana Lúcia Martins (Joinville), e à prefeita eleita em Bauru (Suélle Rosim)
- Andamento dos processos contra casos de violência contra a mulher, incluindo assédio e importunação, com acompanhamento de perto das instituições responsáveis inclusive daqueles casos que envolvem principalmente anônimas, distantes dos holofotes da mídia e com maior risco de impunidade
- As responsabilidades de estabelecimentos de comércio e de serviços que, preocupados com dinheiro, não com vidas, utilizaram do poder econômico para pressionar autoridades contra medidas de isolamento social, durante a pandemia
- As responsabilidades das autoridades federais – a começar pelo presidente da República e pelo ministro do Meio Ambiente – pela destruição da Amazônia, Pantanal e Cerrado, e pelas investidas contra Mata Atlântica, mangues e restingas
- O combate à ingerência da Presidência da República à autonomia de pesquisa, pensamento, atuação e gestão das instituições públicas como universidades e institutos federais de ensino; órgãos como Ibama, ICMBio, Incra, Funai, Fiocruz, entre outros
- O combate ao desmonte de políticas públicas de Estado, construída ao longo de décadas, como a de saúde mental e prevenção e combate à aids, e ao desmonte de direitos sociais elementares, que trazem prejuízo maior às famílias mais pobres, mulheres, população negra, indígena, quilombola, ribeirinha e LGBTQI+
- O combate ao processo de entrega, ao mercado, do patrimônio público construído pela nação por décadas, e que é estratégico à soberania do país e, portanto, ao desenvolvimento social e econômico
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Reiteramos: fique à vontade, leitor, leitora, para indicar outros fatos de 2020 que não podem ficar esquecidos no tempo, e precisam de ser retomados em 2021.
Imagem em destaque: ato pedindo “Justiça por Miguel”, em Recife, em junho. Foto por Veetmano/AgenciaJCMazella
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