Há 57 anos, um golpe no passado, presente e futuro do Brasil

As movimentações começaram em 31 de março, com a deposição do governo democrático popular (liderado por João Goulart) consolidada em 1º de abril


Do Memorial da Democracia | De São Paulo (SP)

O golpe de 1964 foi a maior tragédia da história política brasileira.

Instalou uma longa e brutal noite de terror e interrompeu o rico processo democrático que marcou as duas décadas anteriores.

Centenas de milhares de pessoas foram presas e dezenas de milhares torturadas.

Mais de 400 brasileiros foram mortos pelos órgãos de repressão – e muitos deles figuram como desaparecidos até hoje.

Os direitos de expressão, manifestação e organização foram suprimidos.

O golpe investiu também contra os direitos e conquistas dos trabalhadores. Promoveu forte concentração de renda: os ricos ficaram mais ricos, e os pobres mais pobres.

Apoiado pelos Estados Unidos, o regime enquadrou o Brasil, o maior e mais populoso país da América Latina, nas diretrizes que vinham de Washington. A soberania nacional foi submetida a poderosos interesses externos.

A população, em meio a enormes dificuldades, soube encontrar brechas e abrir caminhos para resistir e reconquistar a democracia. Saiu desse período terrível mais forte, mais madura e mais experiente. A duras penas, aprendeu que a democracia pertence ao povo e não pode ser tutelada por ninguém.

Tortura, assassinato, prisões ilegais e intimidação foram instrumentos utilizados desde o primeiro dia pelos chefes do golpe [civil-militar].

Em 1º de abril de 1964, dois estudantes que defendiam a legalidade do governo deposto foram assassinados no Recife; na mesma cidade, o ex-deputado e líder comunista Gregório Bezerra foi amarrado pelo pescoço e espancado em praça pública por militares do Exército, enquanto se desencadeava em todo o país uma onda de prisões sem mandato que atingiria 50 mil pessoas em poucas semanas.

Era o começo de uma noite de terror, contra cidadãos e a sociedade, que iria durar 21 anos.

O Ato Institucional nº 1, de 9 de abril de 1964, que cassou os direitos políticos de uma centena de pessoas e os mandatos de 40 parlamentares, foi o primeiro de uma série de atos autoritários ilegítimos, que destruiriam a ordem jurídica, o Estado de Direito e o respeito aos direitos humanos fundamentais no Brasil da ditadura.

  • Há uma porção de filmes e livros que contam a história do golpe de 1964 e da ditadura implantada na sequência. Clique aqui para conferir. Não há razão, portanto, para cair em fake news sobre esse período da história brasileira

O novo regime se tornaria cada vez mais arbitrário, na medida em que a sociedade reagia à consolidação da ditadura.

As medidas de força chegariam ao auge com a edição do AI-5, em dezembro de 1968, e prosseguiriam, mesmo depois da liquidação dos grupos de resistência armada, em 1974, até o fim do regime.


Imagem em destaque: manifestação popular em 1º de abril de 1964, contra golpe, reprimida. Foto CPDoc/Jornal do Brasil, via Memorial da Democracia


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