Em 17 de abril de 1996, violenta repressão no sul do Pará matou 21 trabalhadores sem terra. Atos até a próxima quarta, dia 21, homenageiam as vítimas
Por Fernanda Alcântara, da Página do MST | De São Paulo (SP)
Um mês de luto e luta camponesa internacional em defesa da reforma agrária.
Durante abril, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) organiza todos os anos a Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária.
A jornada é constituída por uma série de atos em homenagens aos 21 trabalhadores sem terra assassinados no Massacre de Eldorado dos Carajás (PA), que neste 17 de abril de 2021 completa exatos 25 anos.
As mobilizações da Jornada Nacional, feitas tradicionalmente de forma massiva, pelo segundo ano consecutivo serão realizadas à distância por causa da pandemia da covid-19, mas sem perder seu caráter de luta e resistência.
Um delas é o Ato Político-Cultural Internacional, que resgata a memória dos trabalhadores sem terra vítimas do massacre e denuncia os 25 anos de sua impunidade.
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Confira a agenda de atividades:
16/04 – Ação nas redes sociais (acesse o site www.mst.org.br para ir para as redes do MST)
17/04 – Dia Internacional da Luta Camponesa. Ato Político-Cultural às 10h (virtual). Dia “D”, com ações simbólicas às 9h. Ação nas redes sociais, com twittaço (https://twitter.com/MST_Oficial);
18/04 – Ações de solidariedade por todo o país;
21/04 – Ações do Plano Nacional “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis”.
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Em 17 de abril de 1996, cerca de 1,5 mil trabalhadores rurais sem terra, acampados no sul do Pará, seguiam em marcha de Curionópolis até Belém, pela rodovia estadual PA-150.
O ato reivindicava a desapropriação da fazenda Macaxeira, a qual o Governo do Estado já havia se comprometido a negociar com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e com outros órgãos federais competentes.
Contudo, a Polícia Militar recebeu ordens do governador paraense na época, Almir Gabriel [PSDB], para “tirar” os trabalhadores sem terra do local.
O efetivo destacado para a operação começou a atirar contra as pessoas que participavam da marcha, na beira da estrada.
O ataque ocorreu no final da tarde daquele 17 de abril de 1996, no local conhecido como “Curva do S”, no município de Eldorado dos Carajás.
21 trabalhadores rurais sem terra foram mortos.
Dos mais de 100 policiais que participaram da ação e foram a julgamento, todos foram absolvidos dos crimes.
Em 25 anos que se passaram, o sangue derramado não cessou e continua a cair em mais duas décadas de impunidade. Mas o sangue daqueles que tombaram ainda pulsa nas veias dos Sem Terra do MST, que seguem lutando por uma sociedade justa, livre e igualitária.
Por isso, as atividades que relembram o massacre, mesmo realizadas à distância e de forma virtual, procuram mantêm vivo o sonho pelo direito à terra, ao alimento saudável e à justiça.
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Imagem em destaque: enterro dos trabalhadores sem terra vítimas do Massacre de Eldorado dos Carajás. Pesquisa de imagens Arquivo e Memória MST. Foto: J.R. Ripper
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