Acumulado em 12 meses deve ter maior percentual em abril ou maio, afirma o presidente da instituição. Energia e combustíveis pressionam
Por Welton Máximo e Luciano Nascimento, repórter da Agência Brasil | De Brasília (DF)
A inflação no acumulado de 12 meses atingirá o pico em abril ou maio.
A advertência é do próprio presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.
Segundo ele, a quebra de algumas safras e a alta do petróleo no início do ano fizeram o BC ajustar as estimativas.
Até recentemente, o Banco Central acreditava que a inflação atingiria o ponto mais alto em janeiro e fevereiro, antes de começar a desacelerar.
Para ele, o Brasil está sendo pressionado por fatores internacionais, mas a inflação brasileira tem peculiaridades, com os preços de energia e de combustíveis subindo mais que no resto do mundo.
ENERGIA E COMBUSTÍVEIS
O presidente do Banco Central apresentou uma estimativa segundo a qual o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA – a inflação oficial do país) estaria em 6,7% nos 12 meses terminados em janeiro se os custos de energia e de combustíveis estivessem na média de outros países.
No mês passado, o índice estava em 10,38% no acumulado de 12 meses.
Campos Neto deu as declarações na última sexta, dia 11, em evento promovido pelo grupo Esfera Brasil, que reúne empresários.
Ele disse que o aumento da inflação no mundo não decorre de problemas de oferta, mas de deslocamento de demanda após a retomada econômica em vários países após as fases mais agudas da pandemia de covid-19.
“Quando olhamos os gargalos, não dá para dizer que é [escassez de] oferta com a produção crescendo tanto. Quem acreditava que era um problema de oferta está revendo”, afirmou. “Houve deslocamento não só na demanda por bens, mas também por energia. A produção de bens gasta seis vezes mais energia”, acrescentou.
Já nesta segunda-feira, dia 14, o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central – e que traz projeções feitas pelo mercado financeiro – aponta que em 2022 o Brasil deve ter inflação (IPCA) de 5,5%.
É a quinta vez que o mercado projeta alta da inflação neste ano. Há uma semana, a projeção do mercado era que a inflação terminasse o ano em 5,44%. Há quatro semanas, a previsão era de 5,09%.
Imagem em destaque: contas para lidar com a inflação, por Marcello Casal Jr./Agência Brasil
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