Agricultura conservacionista no Acre ajuda a preservar a Amazônia

Técnica aplicada no Vale do Juruá, com suporte da Embrapa no estado, garante fertilidade do solo com benefícios ambientais; confira


Por Mauricilia Silva e Diva Gonçalves, da Embrapa Acre | De Mâncio Lima (AC)

Resultados de pesquisas realizadas na região do Juruá, no Acre, comprovam que as técnicas de conservação do solo permitem recuperar e manter a fertilidade desse recurso natural.

É a chamada “agricultura conservacionista”.

De acordo com o pesquisador Falberni Costa, da Embrapa Acre, o manejo conservacionista envolve um conjunto de práticas sustentáveis.

Entre elas, o  plantio direto, a cobertura permanente do solo e o cultivo de uma diversidade de plantas de cobertura, entre outros aspectos que funcionam como base para a manutenção da saúde do solo.

AUMENTO DA MATÉRIA ORGÂNICA

Esse modelo de produção favorece o aumento da matéria orgânica.

Isso contribui para a retenção e disponibilidade de nutrientes para as plantas, favorece o desenvolvimento de microrganismos no solo, essenciais para a produção, e assegura mais água em situações de seca, além de possibilitar o acúmulo de carbono no solo, tema de importância global.

“A agricultura conservacionista proporciona ganhos econômicos e benefícios ambientais”, enfatiza o pesquisador.

Ele acrescenta: “Entretanto, nessa alternativa de produção, a mudança não é restrita às práticas de manejo do solo, mas inclui a forma como o produtor rural enxerga o seu meio de vida. A adoção de práticas conservacionistas requer força de vontade e paciência, uma vez que os resultados são gradativos. Além disso, o agricultor deve buscar apoio junto a instituições de fomento à produção e organizações sociais”.

ALTERNATIVA AO USO DO FOGO

Segundo o analista Daniel Lambertucci, da Embrapa, a agricultura conservacionista é uma alternativa ao uso do fogo, evita a abertura de novas áreas  e contribui para reduzir a  pressão sobre a floresta.

“Por viabilizar a recuperação de solos degradados e permitir o uso de uma mesma área por longos períodos, com aumento da  produtividade agrícola, a tecnologia é recomendada para a produção sustentável em solos arenosos de propriedades rurais do Vale do Juruá e de outras regiões com essa característica”, afirma.

A agricultura conservacionista possibilita conciliar aumento da produção e conservação do solo.

Para ampliar o uso dessa tecnologia no Acre e outros estados da Amazônia é necessário que os resultados gerados pela pesquisa científica se transformem em políticas públicas, voltadas para produtores rurais com diferentes perfis econômicos.

EVENTO DIVULGA A PRÁTICA

Para divulgar os benefícios e vantagens da agricultura conservacionista, a Embrapa Acre realizará um Dia de Campo sobre agricultura conservacionista, com a participação de produtores, estudantes, técnicos e gestores de instituições de apoio à produção.

O evento ocorre nesta quarta-feira, dia 30, a partir das 8h, na propriedade do agricultor familiar Sebastião Oliveira, localizada no Ramal Pentecostes, em Mâncio Lima (AC).

Três estações tecnológicas compõem o evento.

Na primeira, o pesquisador Falberni de Souza Costa fala sobre o contexto atual da agricultura conservacionista.

Por exemplo, estratégias e tecnologias recomendadas nas etapas de implantação do sistema, incluindo o manejo adequado do solo, adubação controlada, plantio direto, cultivo de gramíneas e leguminosas para a proteção do solo e fixação biológica de nitrogênio e a rotação e consórcio de cultivos agrícolas.

CAPACIDADE PRODUTIVA DO SOLO

Na segunda estação, a pesquisadora da Embrapa Cerrados, Ieda Carvalho Mendes, e a professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Deborah Pinheiro Dick, destacam aspectos relacionados à capacidade produtiva do solo, ou seja, como o produtor pode manter a saúde da área de produção agrícola.

GANHOS COM A TÉCNICA

Na última estação, o agricultor Sebastião Oliveira, parceiro nas pesquisas desenvolvidas pela Embrapa Acre, conta a sua experiência com as práticas conservacionistas do solo e destacará os ganhos alcançados com o uso da tecnologia, ao longo de 16 anos.

“Antes de adotar o sistema conservacionista, a produtividade de mandioca na minha propriedade era de dez toneladas por hectare. Com o uso dessas práticas, na safra 2020/2021 produzimos 25 toneladas de raízes por hectare, um aumento de 150% no desempenho produtivo da lavoura, em relação à agricultura tradicional”, afirma o produtor rural.

O Dia de Campo “Agricultura Conservacionista no Vale do Juruá” conta com apoio de recursos financeiros da Fundação Agrissus, instituição que fomenta a agricultura sustentável em diferentes localidades do Brasil.


Imagem em destaque: produtor Sebastião Oliveira mostra palhada sobre o solo em sistema de manejo conservacionista no Juruá. Foto: divulgação Embrapa Acre




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