Uma nova unidade de conservação para proteger a Caatinga

Refúgio da Vida Silvestre, com mais de 12 mil hectares, fica na Bacia Hidrográfica do Potengi, no Rio Grande do Norte


Da Assessoria de Comunicação do Governo do Rio Grande do Norte | De Natal (RN)

O Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) do Rio Grande do Norte, órgão do governo estadual, quer criar uma nova universidade conservação para proteger a Caatinga.

A proposta consta da portaria 447/2022, publicada em 23 de novembro último.

A unidade se chamaria Refúgio da Vida Silvestre.

A área proposta tem 12.356 hectares, localizada nos municípios potiguares de Cerro Corá, São Tomé e Currais Novos.

Abrange parte das cabeceiras da Bacia Hidrográfica do Rio Potengi, o principal do estado do Rio Grande do Norte.

Biodiversidade do local motiva proteção. Foto de Mauro Pichorim / Idema-RN

Devido à elevada diversidade biológica presente na região, o espaço é apontado pelo Ministério do Meio Ambiente como uma das Áreas Prioritárias para Conservação da Caatinga, o bioma de maior extensão no território potiguar.

De acordo com o diretor-geral do Idema, Leon Aguiar, a Caatinga é o bioma menos protegido do Rio Grande do Norte, o que aumenta a importância de alinhar as políticas públicas para conservação da sua biodiversidade com os desafios das mudanças climáticas e da sustentabilidade.

“Também consideramos na escolha da área a importância da preservação dos recursos hídricos e o combate à desertificação na região semiárida como mecanismo de mitigação dos efeitos do aquecimento global e garantia da segurança hídrica”, informa o diretor.

DISCUSSÃO COM A SOCIEDADE

A escolha da área contou com a participação de diversos pesquisadores e atores da sociedade em geral, atendendo também a uma demanda para ampliar a proteção da Caatinga por meio de espaços legalmente protegidos.

Os estudos técnicos que subsidiaram a proposta de criação da unidade de conservação indicam a categoria “Refúgio da Vida Silvestre”.

A iniciativa foi motivada pela ocorrência das espécies emblemáticas de aves na região.

Localização da unidade de conservação proposta. Fonte: Idema-RN

Conforme estabelece a lei Federal 9985/2000, refúgios são Unidades de Conservação de Proteção Integral, que têm como objetivo proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória.

Segundo o coordenador do Núcleo de Unidades de Conservação (NUC) do Idema, Ilton Soares, a unidade proposta seria a primeira da categoria no estado, dando ênfase à proteção da biodiversidade.

“Ests categoria permite a presença de comunidades humanas, uma oportunidade para atividades sustentáveis, como ecoturismo e manejo do solo”, explica o coordenador.

230 ESPÉCIES DE AVES

Para o professor do Departamento de Botânica e Zoologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Mauro Pichorim, a região representa a porção mais preservada de Caatinga do Seridó, com cerca de 230 espécies de aves, sendo várias exclusivas do bioma (endêmicas) e outras ameaçadas de extinção ou raras.

“Além disso”, complementa o professor, “a área é predominantemente composta por encostas de serras, ambiente que mantém a melhor representatividade da biodiversidade local quando comparado aos platôs mais altos e às áreas baixas de planície. Até o momento, essa região é o único local conhecido de ocorrência de arara-maracanã (Primolius maracana) e papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) no RN”.

PROTEÇÃO DE SERRAS E ENCOSTAS

Portanto, a proteção das serras e encostas que fazem parte da área proposta para criação da Unidade de Conservação é fundamental para garantir as condições adequadas dos ambientes naturais onde essas espécies existem e para sua reprodução.

Após a publicação da portaria, o Idema dará continuidade ao processo de criação do Refúgio da Vida Silvestre com a publicação dos estudos técnicos e encaminhamento da proposta para ampla discussão da sociedade e órgãos públicos, através de consulta e audiência públicas.


Imagem em destaque: são 230 espécies de aves a serem protegidas com a unidade de conservação da Caatinga proposta para o Rio Grande do Norte. Foto: Jorge Dantas / Idema-RN




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