Lançadas ações para combater o racismo no esporte

Governo apresenta conjunto de iniciativas envolvendo entidades do setor, atletas e torcidas; espaço de manifestação para vítimas e atendimento psicológico compõem medidas


Por Carolina Pimentel, repórter da Agência Brasil | De Brasília (DF)

O governo federal apresentou nesta quinta-feira, dia 3, relatório com recomendações para o combate ao racismo no esporte.

Criado em junho, o grupo técnico autor do relatório é composto por integrantes dos ministérios do Esporte, da Igualdade Racial e da Justiça e Segurança Pública.

O grupo propõe ações voltadas para entidades esportivas, atletas, torcidas e sistema judiciário.

NOS ESTÁDIOS

Uma delas é um acordo de cooperação técnica entre o Ministério da Justiça e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

De acordo com o secretário de Acesso à Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Marivaldo Pereira, a ideia é a implantação de uma ferramenta nos estádios que permita às autoridades públicas identificar quem comete atos racistas durante as partidas de futebol.

“O que se busca não é a punição, mas sim inibir a prática do ato. Esse tipo de tecnologia vem demonstrando que quando a pessoa sabe que ela pode ser identificada, que a imagem dela está ali e que o ato dela tem consequência, isso ajuda, muitas vezes, a inibir a prática do crime”, explica.

A ferramenta passou por um teste conceito no Maracanã, no Rio de Janeiro, e o acordo deve ser concluído ainda este mês.

OUTRAS MEDIDAS

A ministra do Esporte, Ana Moser, disse que outras ações sugeridas pelos técnicos deverão ser implantadas neste segundo semestre, como confecção de bandeirões em conjunto com a Associação Nacional das Torcidas Organizadas (Anatorg), criação de selo e prêmios para entidades esportivas antirracistas e levantamento de dados sobre racismo nas atividades esportivas.

“O esporte é um vetor de projeção de comportamento, sentimentos e práticas da sociedade”, afirma.

ATENDIMENTO PSICOLÓGICOS

No relatório, o grupo técnico recomenda ainda implantação de espaços de manifestação para atletas, atendimento psicológico aos desportistas negros, organização de debates e publicação de cartilhas direcionadas aos torcedores, criação da Autoridade Nacional para Prevenção e Combate à Violência e à Discriminação no Esporte ou órgão similar, além de adoção de dispositivos antirracistas no esporte amador, de lazer e escolar.

Segundo Ana Moser, os trabalhos do grupo devem ser prorrogados por 45 dias.

CRIANÇAS, JOVENS, ATLETAS E TÉCNICOS

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, ressaltou que as ações no âmbito do Programa de Combate ao Racismo no Esporte vão perpassar pela realidade de crianças, jovens, atletas e técnicos que lidam diariamente com preconceito e discriminação.

“Quando a gente fala de [combate ao] racismo no esporte, a gente fala de como criar condições para as crianças que não têm acesso a se manterem nesses espaços. Não é somente a gente pensar em campanhas, seminários, monitoramento, estudo e aplicabilidade das leis. Não pode ser só isso, por isso é um programa nacional”, sublinha. “É uma construção de ações concretas que a gente vai viabilizar, não somente entre ministérios, mas com escutas também”.


Imagem em destaque: as ministras Anielle Franco (Igualdade Racial, de verde) e Ana Moser (ao lado) na apresentação das propostas. Foto: Wilson Dias/ Agência Brasil




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