Boia meteoceanográfica, marégrafo e ondógrafo foram instalados no deságue do rio, no litoral do Espírito Santo, em projeto envolvendo universidades federais e instituições de pesquisa
Por Ghenis Carlos Silva, bolsista em projeto de Comunicação, da Ufes | De Linhares (ES)
Um sistema de monitoramento oceânico e climático foi instalado na área de deságue do Rio Doce, com o objetivo de fornecer subsídios ao governo federal e a gestores ambientais sobre os impactos das mudanças climáticas ao longo da costa brasileira.
Fazem parte do sistema uma boia meteoceanográfica, um marégrafo e um ondógrafo (boia Spotter).
A instalação é fruto de uma parceria entre a Universidade Federal do Espírito Santos, o Programa Nacional de Boias da Marinha do Brasil (PNboia) e o Sistema de Monitoramento da Costa Brasileira (SimCosta), da Universidade Federal do Rio Grande (Furg).
O dispositivo integra as atividades de pesquisa e desenvolvimento do Plano Nacional de Mudanças Climáticas para atender às necessidades nacionais de conhecimento sobre mudanças do clima, incluindo a produção de informações para formulação de políticas públicas.
No total, 42 estações de monitoramento já foram implementadas ao longo da costa brasileira.
TECNOLOGIA E FUNCIONALIDADE
As boias dispõem de um complexo sistema envolvendo sua flutuação, ancoragem, sensores e comunicação.
Além disso, contam com um módulo de baterias próprio que é recarregado por meio de painéis solares em seus equipamentos de subsuperfície, enquanto há outro módulo de baterias que alimenta o sistema meteorológico.
“Deste modo os instrumentos transmitem dados sobre os parâmetros meteorológicos através dos satélites Argos. Já os dados oceanográficos são transmitidos via satélite GSM”, detalha o professor do Departamento de Oceanografia e Ecologia da Ufes e pesquisador responsável local pelo projeto, Renato Ghisolfi.
VARIÁVEIS METEOROLÓGICAS MEDIDAS
O professor explica ainda que as variáveis meteorológicas medidas compreendem a radiação solar, a velocidade e direção do vento, a temperatura do ar, a umidade relativa e a pressão atmosférica.
No caso da água do mar, os sensores são de pressão, condutividade, temperatura, fluorescência estimulada, turbidez, matéria orgânica dissolvida colorida, velocidade e direção de correntes, ondas e altura do nível do mar.
As estações terão seus níveis de referência monitorados continuamente pela Rede Altimétrica de Alta Precisão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com tal tecnologia, as consequências da elevação do nível do mar poderão ser facilmente identificadas e mapeadas na região costeira.
Criado em dezembro de 2011, o SiMCosta é uma rede integrada de plataformas flutuantes ou fixas, dotadas de instrumentos e sensores, com funcionamento autônomo e capacidade de coletar regularmente variáveis oceanográficas e meteorológicas, transmitindo-as para uma central de processamento instalada em Rio Grande, na Furg, e, imediatamente, fornecendo gratuitamente os dados processados ao público-alvo.
O acesso pode ser feito a partir do site simcosta.furg.br.
O projeto é financiado pelo Fundo Clima, pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMAMC), e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), sendo integrado ao Sistema Brasileiro de Monitoramento Oceanográfico (Sibramoc) por meio da Rede de Monitoramento a partir de Boias Fixas, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Ciências do Mar – Centro de Oceanografia Integrada (INCT-Mar COI) e INCT para Mudanças Climáticas (INCT-MC).
Imagem em destaque: foz do Rio Doce, em Linhares, litoral do Espírito Santo | Foto: Nitro Imagens/ divulgação Fundação Renova
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