Grupo de pesquisadores de universidades e companhias públicas federais constata mudanças no ecossistema da região; trabalho na gestão dos recursos hídricos de Alagoas e Sergipe
Por Josafá Neto, da UFS | De Brejo Grande (SE)
A água salobra às margens da Ilha da Teresa, distante cerca de 15 quilômetros da foz do Rio São Francisco, no município de Brejo Grande, no Leste de Sergipe, é apenas um dos sinais das mudanças no ecossistema da região ribeirinha.
Além dos impactos vistos a olho nu na fauna e na flora, os efeitos sociais e econômicos diante do avanço do mar emergem a cada relato de quem vive da riqueza natural do Velho Chico, principalmente da pesca artesanal.
Elaborar indicadores ambientais e socioeconômicos para melhorar a gestão de recursos hídricos na região da foz é o objetivo de um grupo de 20 pesquisadores que começou a percorrer as águas do São Francisco no final do mês de outubro.
Coordenado pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, empresa pública federal), o trabalho também envolve pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) e Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF).
INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE
Com a elaboração dos indicadores de sustentabilidade sobre a foz do Velho Chico, a equipe pretende desenvolver uma plataforma online de monitoramento das cadeias produtivas e dos recursos naturais do Baixo São Francisco.
Os indicadores ambientais estão sendo elaborados a partir da análise de parâmetros físico-químicos da água e do solo; da avaliação das concentrações de pesticidas, metais pesados e contaminantes biológicos no pescado; e da distribuição de espécies de peixes, moluscos e crustáceos ao longo do estuário.
“Esta região vem sofrendo com mudanças no padrão climático, com a ocorrência de sucessivos períodos de seca. Há um avanço da cunha salina na região da foz, causando a salinização das águas utilizadas para abastecimento e atividades agrícolas, alterações na biota e diminuição dos estoques pesqueiros”, alerta o químico e professor de Recursos Hídricos da UFS, Silvânio Costa.
INDICADORES SOCIOECONÔMICOS
Os indicadores socioeconômicos em mapeamento são voltados para as cadeias mais impactadas pelo avanço do mar na região: a pesca artesanal e a rizicultura, diante do processo de substituição do cultivo de arroz pela carcinicultura, que é a criação de camarão.
Essa etapa da pesquisa também conta com a participação direta das comunidades ribeirinhas, desde a aplicação de questionários à realização de oficinas, a fim de compreender, sobretudo, as transformações na cadeia produtiva do pescado ao longo do tempo.
PRÓXIMOS TRÊS ANOS
Nos próximos três anos, os pesquisadores das cinco instituições vão percorrer a região estuarina, em parceria com a ONG Amigos do Turismo e do Meio Ambiente, do município sergipano da Barra dos Coqueiros, e a Associação Aroeira, do município alagoano de Piaçabuçu.
As coletas serão feitas, pelo menos, duas vezes ao ano, nos períodos de chuva e de seca.
“O objetivo principal é permitir aos estados e municípios e aos comitês gestores a utilização dos indicadores para tomar decisões, estabelecer políticas públicas, formular princípios, normas e diretrizes, decidir sobre o uso, controle e proteção da água enquanto recurso”, afirma o pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Marcos Cruz.
Com execução até o ano de 2026, o projeto, intitulado ‘Indicadores ambientais e socioeconômicos para a gestão integrada participativa dos recursos hídricos da foz do Rio São Francisco e zonas costeiras adjacentes’, é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Imagem em destaque: Ilha da Teresa, no município sergipano de Brejo Grande, no Baixo São Francisco. Foto: Josafá Neto/ UFS
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Que trabalho importante, iniciativa louvável, que este cuidado ainda chegue a tempo de salvar o ambiente tão agredido e pouco refletido . Viva Sergipe, viva as instituições envolvidas e a Rede Macuco repercutindo.
Viva!