Festa, o festival de teatro mais antigo do Brasil, terá mais de 70 atrações, gratuitas

Edição 66 do evento ocorre em diversos espaços da cidade de Santos, de 23 de agosto a 1ª de setembro; há programação também para o público infantil


Da LN Textos | De Santos (SP)

Entre os dias 23 de agosto e 1º de setembro a cidade de Santos, litoral de São Paulo, recebe o 66º Festival Santista de Teatro (Festa 66), mais antigo festival de artes cênicas em atividade no Brasil e patrimônio imaterial cultural do município.

Realização do Movimento Teatral da Baixada Santista, o evento, gratuito, terá o tema “Teatro do Mangue à Maresia” e reúne obras de variados gêneros e formatos, para o público adulto e infantojuvenil.

As apresentações estão distribuídas em 16 espaços – convencionais, alternativos e de rua – em vários bairros da cidade.

A programação de mostras oficiais (Regional, Estadual e Nacional) contempla 28 espetáculos e, além desses trabalhos, o evento também contará com uma extensa Mostra Paralela, totalizando mais de 70 atrações durante os dez dias de Festival.

ABERTURA

O espetáculo de abertura do Festa 66 é “Ficções”, solo de Vera Holtz com direção de Rodrigo Portella.

A sessão, pela Mostra Nacional, ocorre no dia 23 de agosto, sexta-feira, às 20h, no Teatro Sesc Santos (R. Conselheiro Ribas, 136, Aparecida), com entrada gratuita, mediante retirada de ingressos na bilheteria da unidade, a partir das 10h, no dia da apresentação.

A Mostra Regional conta com dez espetáculos, selecionados por meio de um processo de curadoria coletiva.

Por sua vez, a Mostra Estadual terá 16 espetáculos.

Completando as mostras oficiais, a Mostra Nacional apresenta, além de “Ficções”, o espetáculo “Billie Holiday, A Canção – Um Espetáculo à Cor da Pele”, de Hunald de Alencar, com interpretação da atriz Tânia Maria.

MOSTRA PARALELA

A programação paralela do Festa 66 contempla diversas linguagens artísticas e dialoga com as mostras oficiais.

As atividades incluem lançamentos de livros, com temáticas que vão desde a trajetória de Patrícia Galvão, a Pagu, até o movimento teatral nas periferias brasileiras.

Ainda, bate-papos, ensaios abertos, oficinas e laboratórios de dramaturgia (com inscrições gratuitas pelo link https://encurtador.com.br/gSzZa), exposições, exibição de filmes e apresentações musicais.

A edição também será marcada pelo lançamento do projeto do monumento “Pagu & Herculano”, escultura do artista Luis Garcia Jorge em homenagem às lutas de Pagu.

A obra retrata a prisão de Patrícia Galvão, em 1932, na Praça dos Andradas, durante uma manifestação ao lado  dos estivadores. Na ocasião, o trabalhador portuário e homem negro  Herculano foi assassinado pela polícia. Levada à Cadeia Velha, Pagu tornou-se a primeira mulher presa por razões políticas no país.

SOBRE O FESTA

Em 1958, a partir da idealização e incentivo de Patrícia Rehder Galvão, a Pagu (19101962) – que à época trabalhava como jornalista e também promovia cursos de Arte Dramática -, foi realizado o I Festival de Teatro Amador para Santos e Litoral.

No ano seguinte, o Departamento de Cultura da cidade teve a iniciativa de trazer o II Festival Nacional de Estudantes para Santos, reunindo mais de 800 estudantes, dezenas de críticos e jornalistas de todo o país.

Palcos foram erguidos e a infraestrutura da cidade foi colocada à disposição do evento, o maior da época.

DRIBLANDO A CENSURA

A partir deste movimento, fortalecido ao longo dos anos 1960 e início dos anos 1970, manteve-se vivo todo o universo da cultura através do teatro, enfrentando e ludibriando a censura, entre outros desafios impostos à época.

No resgate da memória  temos profissionais como Plínio Marcos, Gilberto e Oscar Von  Pfuhl, Greghi Filho, Gilberto Mendes, Serafim Gonzalez, Lizete Negreiros, Cleide Queiroz, Ney Latorraca, Jonas Mello, Jandira Martini, Rubens Ewald Filho, Bete Mendes, Sérgio e Cláudio Mamberti e Toninho Dantas, entre outros.

ATUALMENTE

Hoje, o Festa segue uma realização do Movimento Teatral da Baixada Santista e consta no Calendário Municipal de eventos da cidade, reinventando-se anualmente e inspirando trabalhos acadêmicos.

Não à toa, o teatro se tornou referência aos demais segmentos artísticos do litoral paulista, não só pelas ações em torno do festival, como também nas pautas de construção de políticas públicas para cultura nas cidades da Baixada Santista.

O Festa 66 conta com as parcerias do Sesc Santos, Sesi, Secretaria Municipal de Cultura – Prefeitura de Santos e Secretaria de Cultura e Economia Criativa – Governo do Estado de São Paulo, por meio do Programa de Ação Cultural (ProAc) Edital 40/2023.


Imagem em destaque: cena de Ficções, com Vera Holtz, espetáculo de abertura do Festa 66. Foto: Flávia Canavarro/ divulgação




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