Cabanos, a revista que sente o mundo pelo coração da Amazônia

Publicação digital, criada por estudantes de jornalismo da Universidade Federal do Pará (UFPA), destaca-se pela diversidade de temas e pela qualidade de seu conteúdo; acesse aqui gratuitamente


Por Wagner de Alcântara Aragão (@waasantista) | De Belém (PA)

Às margens do Rio Guamá, mais precisamente das salas e laboratórios da Universidade Federal do Pará (UFPA), está brotando um projeto que reacende a chama de esperança de uma imprensa cada vez mais plural e comprometida com a sociedade.

Trata-se da Cabanos, uma revista digital criada por estudantes de Jornalismo da universidade paraense.

A primeira edição está publicada e a previsão é de mais novidades em breve.

A Cabanos se declara como uma publicação “nascida no coração da Amazônia”, com a missão de produzir conteúdo de qualidade, “abordando uma ampla variedade de temas, desde política e meio ambiente até cultura e entretenimento, sempre a partir da perspectiva nortista”.

As premissas do texto de apresentação são reiteradas por uma das realizadoras da revista, Maria Paula Borges.

Ela cita, como exemplo, uma das reportagens da atual edição, de estreia.

O material aborda um tema hoje onipresente na vida da capital do Pará: a COP 30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima), que será sediada por Belém em novembro de 2025.

A diferença é que a cobertura é feita a partir do ponto de vista das periferias, conforme explica e demonstra Maria Paula.

Para além dos dados oficiais, das grandes obras vistas em várias partes da cidade e das declarações das autoridades, a reportagem da Cabanos pergunta, em seu título: COP para quem?

A indagação é o gancho para ecoar a voz de moradores, movimentos, coletivos e organizações, que pleiteiam participação e decisão no mega evento internacional.

Outra matéria que põe emergências climáticas em pauta explica o aumento do calor em Belém.

Aponta como a “cidade das mangueiras” repete um problema recorrente em outras metrópoles do Brasil: a arborização desigual. Enquanto em ruas centrais e nobres há o frescor da sombra, nas periferias prevalece a aridez.

O texto de Luiza Amâncio e Marcos Maia menciona um agravante: o avanço do concreto e do asfalto provocado por mega obras de construção civil.

TEM ESPORTE TAMBÉM

A revista dedica páginas ao esporte, o que é de se enaltecer, já que geralmente projetos de jornalismo alternativo e similares costumam esquecer dessa editoria.

Aliás, sobre esportes a edição 1 tem duas matérias bem interessantes.

Uma, sobre a força do caratê no Pará. Outra, sublinha a seguinte curiosidade: com a ascensão do Remo à Série B do Brasileirão e a permanência do Paysandu, em 2025 – pela primeira vez depois de quase 20 anos – os dois arquivais se encontrarão nessa divisão do futebol nacional.

Há editoria de política também. Nessa, uma reportagem fala da relação mídias digitais e aumento da representatividade indígena nas eleições.

Ponto alto da matéria é o resgate de um marco histórico: a primeira eleição de uma liderança indígena para o Congresso. Foi Mário Juruna, eleito deputado federal no Rio de Janeiro, pelo PDT, em 1982.

Tem mais. Cultura, economia criativa, crônica… Clique na imagem abaixo e folhei as 30 páginas da Cabanos número 1. Que seja o primeiro de tantos outros a ponto de nos perdermos nas contas.

Você pode chegar pelo site da publicação também, em www.revistacabanos.com.br.

Em tempo: o nome Cabanos faz referência aos povos indígenas, negros e caboclos que, no século XIX, rebelaram-se contra a exploração, desigualdades e injustiças sociais, e protagonizaram na então província de Grão-Pará o movimento conhecido como Cabanagem ou Revolta dos Cabanos.


Imagem em destaque: reprodução da versão digital da revista




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