Haverá audiência pública em 14 de março, e a participação é imprescindível para garantir que a expansão portuária e econômica seja pautada pelo respeito à natureza e observância à sustentabilidade ambiental
Por Wagner de Alcântara Aragão ( @waasantista ) | De Santos (SP)
A Autoridade Portuária de Santos e a Frente Parlamentar Mista dos Portos Nacionais vão realizar uma audiência pública no dia 14 de março, às 17h, para debater projetos de ampliação do Porto de Santos.
São projetos que incluem a implantação de pátios reguladores de caminhões e condomínios logísticos.
Um sinal amarelo de alerta se acende.
Porque pelo menos dois desses projetos são de impactos ambientais consideráveis.
Um desses projetos é a criação de um mega pátio de caminhões na Ilha do Tatu, área de mangue de Mata Atlântica, às margens do Rio Casqueiro, que divide os municípios de Santos e Cubatão.
O outro projeto, também em território de Mata Atlântica virgem, incluindo mangue, consiste na incorporação de uma área às margens do Rio Santana, no Humaitá, área continental de São Vicente, como integrante do complexo do Porto de Santos.
NA ILHA DO TATU NÃO, REFUTA COMUNIDADE
A construção de um pátio para caminhões na Ilha do Tatu é rechaçada por movimentos da sociedade civil de Cubatão e pelo poder público local. Aliás, o prefeito do município, César Nascimento (PSD), esteve em audiência com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, em 12 de fevereiro, propondo outra área.
O espaço proposto fica em região já ocupada, pelo polo industrial da cidade, às margens da rodovia Cônego Domênico Rangoni (Piaçaguera-Guarujá).
Já a Ilha do Tatu engloba zona de preservação ambiental. Situada na interligação das rodovias Anchieta e Imigrantes, a área abriga espécies como o guará-vermelho.
O CANTO DA SEREIA DO DESENVOLVIMENTO NO HUMAITÁ
Em São Vicente, o discurso das autoridades municipais é o de enaltecer a inclusão do Humaitá na jurisdição do Porto de Santos utilizando o argumento da geração de divisas e empregos, ignorando que os impactos socioambientais tendem a se sobrepor aos ganhos aventados.
Chamado de “expansão da poligonal do Porto de Santos”, o projeto prevê inclusão de outras áreas também nos limites dos municípios de Santos, Cubatão e Guarujá – ao que tudo indica, sem nenhuma discussão nem planejamento com setores da sociedade local para que esta decida os rumos do desenvolvimento que pretende para a região.
ONDAS DE CALOR E POLUIÇÃO DOS RIOS
Nas últimas semanas, o Brasil foi acometido por intensa e longa onda de calor. No litoral de São Paulo, as temperaturas e sensação térmica superaram os 40 graus.
Coincidentemente, no mesmo período saiu o resultado de uma pesquisa científica realizada por especialistas do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e do Instituto Ecofaxina, publicada na Marine Pollution Bulletin, e que apontou que seis dos dez rios mais poluídos do planeta são justamente aqueles que estão sob impacto das atividades do Porto de Santos e do Polo Industrial de Cubatão.
Não se trata, evidentemente, de acabar com essas atividades. Trata-se de alertar que a expansão delas não pode repetir os velhos e repetidos erros do passado. Não pode ser uma expansão a qualquer custo, que se utiliza do argumento da geração de renda e emprego como canto de sereia.
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SERVIÇO | Sobre a audiência pública
- A audiência pública do Porto de Santos será na sede da Autoridade Portuária, na Avenida Rodrigues Alves perto da confluência com a Avenida Esmeraldo Tarquínio Filho, no Macuco. O site Portogente informa que o público terá acesso mediante identificação na entrada (documento com foto e número de CPF, dados que serão usados exclusivamente para fins de segurança).
Imagem em destaque: mapa evidencia como a Ilha do Tatu é uma área de refúgio ambiental entre bairros adensados em Cubatão, na interligação Anchieta-Imigrantes no pé da Serra do Mar. Divulgação Prefeitura de Cubatão
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