Pesquisa da Universidade Federal de Lavras em seis cidades de Minas Gerais investiga impacto da urbanização para a sobrevivência desses insetos
Por Pedro Henrique Cardoso, do Portal da Ciência, da Ufla | De Lavras (MG)
Pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (Ufla) realizaram um estudo sobre como a urbanização e a disponibilidade de recursos florais afetam as comunidades de abelhas em cidades neotropicais de médio porte.
O estudo foi aplicado em seis cidades mineiras: Alfenas, Poços de Caldas, Pouso Alegre, Varginha, Três Corações e Lavras.
Com coletas mensais realizadas em 21 locais diferentes durante os anos de 2020 e 2021, os pesquisadores classificaram as abelhas em gênero e espécie e compararam a paisagem ao redor dos locais em que elas foram capturadas, visando entender como a diversidade paisagística poderia influenciar a presença desses polinizadores.
“Capturamos 132 espécies de abelhas”, destaca a autora do estudo, Karla Palmieri Brancher.
“O número total de espécies diminuiu em áreas com maior cobertura de superfícies impermeáveis, como concreto e asfalto, mas aumentou em paisagens mais heterogêneas com presença de áreas verdes e lotes vagos, beneficiando especialmente espécies generalistas que nidificam acima do solo”, informa ela.
ABELHAS SOLITÁRIAS
O estudo também mostrou que a abundância de abelhas solitárias e subterrâneas foi maior em locais com mais gramíneas. “Além disso, áreas com maior proporção de plantas nativas favoreceram espécies especializadas”, conclui a pesquisadora.
O trabalho comparou a cobertura do solo em um raio de 1 mil metros a partir do local onde as abelhas foram capturadas, utilizando imagens de satélite.
Foram consideradas quatro categorias de cobertura do solo: a) superfícies impermeáveis, como estradas, edifícios e áreas industriais; b) árvores, incluindo florestas, parques e áreas restauradas; c) gramíneas, abrangendo solo exposto, campos abertos naturais, áreas cobertas com pastagem manejada e plantas ruderais; e d) corpos d’água.
PRESERVAÇÃO DE HABITATS
A pesquisa evidenciou a importância de preservar uma variedade de habitats nas áreas urbanas para assegurar a conservação da biodiversidade desses insetos.
“O aumento de áreas urbanas, com mais concreto e asfalto, resulta na redução da vegetação natural, impactando negativamente o habitat das abelhas e dificultando sua sobrevivência”, afirma a pesquisadora.
Segundo ela, esses resultados podem ajudar no desenvolvimento de estratégias de conservação para manter a biodiversidade de abelhas em áreas urbanas, promovendo ambientes mais sustentáveis, fundamentais para o processo de polinização das plantas, uma vez que esses insetos são fundamentais para a preservação dos ecossistemas, a manutenção da biodiversidade e a produção de alimentos.
PUBLICAÇÃO DO ESTUDO
O artigo foi publicado em 2023 na revista científica Austral Ecology com o título “Urbanização e abundância de recursos florais afetam as comunidades de abelhas em cidades neotropicais de médio porte”.
Os autores são a doutora e o pós-doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aplicada da Ufla, Karla Brancher e Gustavo Heringer, a doutora em Entomologia pela Universidade Federal do Paraná, Letícia Vanessa Graf, e professor do Instituto de Ciências Naturais (ICN/Ufla), Rafael Dudeque Zenni.
Imagem em destaque: Ufla, onde a pesquisa foi desenvolvida. Foto: @waasantista
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