É o que aponta uma pesquisa da Fiocruz Bahia, cujos resultados foram publicados em revista científica internacional
A saúde mental de mulheres brasileiras pode ser prejudicada ao sofrer preconceito por causa da cor da pele, tanto na dimensão pessoal quanto em grupo, aumentando em até 70% a chance de sofrer transtornos mentais comuns (TMC).
Essa foi a conclusão de um estudo feito pelo pesquisador e coordenador do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs) da Fiocruz Bahia, Maurício Barreto, em conjunto com pesquisadores do Instituto de Saúde Coletiva e do Instituto de Humanidades Artes e Ciências Professor Milton Santos, ambos da Universidade Federal da Bahia. A pesquisa foi descrita no artigo “Personal-Level and Group-Level Discrimination and Mental Health: the Role of Skin Color”, publicado no “Journal of Racial And Ethnic Health Disparities”.
O estudo contou com a participação de 1.130 mulheres inscritas originalmente em um programa de pesquisa denominado Mudanças Sociais, Asma e Alergia na América Latina (SCAALA), criado em 2004, que tem como objetivo estudar os fatores associados ao surgimento e persistência dos sintomas de asma e marcadores de alergia na população latino-americana.
No trabalho de campo, foram utilizados os instrumentos Experiences of Discrimination (EOD) e SRQ-20 para identificar os denominados transtornos mentais comuns. Ambos os instrumentos têm sido validados para a língua portuguesa, no Brasil.
EXPOSIÇÃO À DISCRIMINAÇÃO
Os resultados do questionário mostram que, de 38,3% das mulheres que afirmaram ter sintomas de (TMC), 8,5% disseram sofrer alto nível de preconceito e 41,6% demonstraram ter preocupações sobre discriminação. As mulheres com maior nível de TMCs tiveram maior exposição a experiências de racismo.
Também se evidenciou que a relação entre TMCs e exposição ao racismo é mais concentrada em mulheres que se declararam de cor parda, seguidas pelas de cor negra e, por fim, do tom branco.
Segundo a pesquisa, os resultados são importantes pelo fato de indicar que os futuros estudos sobre TMC em saúde pública deverão, também, considerar preconceito em nível de grupo tanto quanto em nível individual, além da cor da pele.
Foto em destaque: comissão da frente da Paraíso do Tuiuti, denunciando escravidão e racismo. Por Paulo Portilho/Riotur
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