Na capital e no interior, elas se tornam opção de alimentação saudável para os nordestinos daquele estado, e também fomentam a agricultura familiar de assentamentos da reforma agrária
Por Áurea Olímpia, Paula Adissi e Thaís Peregrino, do Brasil de Fato | De João Pessoa
As mais de 50 feiras agroecológicas existentes hoje na Paraíba – fruto de um trabalho iniciado há mais de 20 anos – colocam o estado como um dos principais polos nordestinos de acesso à alimentação saudável, e de estímulo à agricultura familiar sustentável, para quem consume e para quem produz.
Nessas feiras se comercializam alimentos e até algumas criações como galinha e bode. “A boa qualidade dos produtos satisfaz muito os clientes. Também, depois que passei a produzir orgânico, é cem por cento de saúde na minha casa”, enfatiza Dona Cida, assentada da reforma agrária e que expõe sua produção na Feira Ecovárzea, instalada todas as sextas-feiras na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em João Pessoa.
Muitos agricultores da reforma agrária, assim como Dona Cida, têm provado que é possível garantir renda e saúde através das experiências de produção sem veneno. “[Na Ecovárzea] eu consigo muito mais que um salário mínimo. Aqui não vendo apenas produtos, vendo saúde para minha família e para os fregueses”, garante Seu Zizo, que atua também na feira da UFPB, na capital paraibana.
HISTÓRIA
Essa experiência de produção e comercialização só foi possível porque a Comissão Pastoral da Terra (CPT) desde 1997 desenvolveu estratégias para enfrentar os problemas de comercialização dos produtos da agricultura familiar de áreas de assentamento. Inicialmente, foi junto aos agricultores da região de Sapé; depois, entendeu-se para outras regiões do estado.
Segundo o coordenador local da Pastoral da Terra, Luiz Damásio, mais conhecido como Luizinho, do assentamento Padre Gino (em Sapé), o principal problema que se identificava era a dependência de atravessadores na hora da venda. “A gente produzia e não tinha onde vender; vendia para os atravessadores, e eles levavam 50%. Aí a gente se organizou e decidimos montar um espaço onde a gente pudesse comercializar os nossos produtos.”
Foi então que, em 2001, a CPT organizou a primeira Feira Agroecológica de Assentados da Reforma Agrária em João Pessoa. Instalada inicialmente em uma praça no bairro de Mangabeira, transferiu-se para a UFPB no ano seguinte, com apoio de alguns professores e funcionários. Em 2004, os feirantes/produtores criaram a Associação dos Agricultores e Agricultoras Agroecológicos da Várzea Paraibana (Ecovárzea).
Valéria Vieira é funcionária da UFPB e cliente antiga da feira: “Faço essa opção porque a feira é muito boa. Veja só, o coentro do supermercado, em três, quatro dias, ‘tá’ podre. O daqui passa 15 dias verdinho do mesmo jeito. O que se compra aqui é assim; tem muita diferença o produto com veneno e o sem veneno”.
CONFIRA AS FEIRAS DE AGROECOLOGIA NA PARAÍBA
A partir da experiência dos agricultores da Ecovárzea, outras áreas de assentamento se organizaram e montaram suas associações e cooperativas, criando novas feiras em João Pessoa, como a Feira da Ecosul, que funciona todos os sábados de manhã no bairro do Bessa.
Só na capital, existem ao menos seis feiras orgânicas atualmente. Mas pelo interior do estado há pontos de comercialização também. Acompanhe:
- João Pessoa
Feira Agroecológica Ecovárzea. UFPB, todas as sextas-feiras, das 4h às 12h.
Feira Agroecológica Ecosul. Avenida Argemiro de Figueiredo, Bairro do Bessa, todos os sábados, das 5h às 11h.
Feira Agroecológica. Shopping Sebrae, Bairro dos Estados, todas as quartas-feiras, das 13h às 17h.
Feira Equilíbrio do Ser. Rua Sérgio Guerra, Bairro dos Bancários, todas as segundas-feiras e quartas-feiras.
Feira do Restaurante Oca. Avenida Almirante Barroso, 303, Centro, todas as terças-feiras, das 7h às 14h.Campina Grande
No Museu do Algodão. Bairro do Catolé, todas as sextas-feiras, das 4h às 9h.Remígio
No centro da cidade, todas as sextas-feiras, das 5h às 11h.Cajazeiras
Praça Cristiano Cartaxo, todas as sextas-feiras de manhã.Lagoa Seca
No Mercado do Produtor, todas as sextas-feiras, das 5h às 11h.
Imagem em destaque: a Feira da Ecovárzea. Fotos do Brasil de Fato (nome do profissional não identificado)
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