Greve na Eletrobras, contra a privatização. Mas não vai faltar luz

Eletricitários protestam contra a venda da empresa, tramada pelo governo golpista. Entenda por que a entrega da estatal faz mal ao Brasil

Por Wagner de Alcântara Aragão | De Curitiba

Depois dos petroleiros, pouco mais de uma semana atrás, agora é a vez dos eletricitários do sistema Eletrobras entrarem em greve, por 72 horas, contra os planos do governo golpista de privatização de uma das mais eficientes estruturas de energia do planeta. A greve começou à zero hora desta segunda-feira, dia 11, e se estende por 72 horas.

De acordo com o Coletivo Nacional de Eletricitários, que reúne os sindicatos dos trabalhadores das empresa do sistema Eletrobras, a paralisação não levar à interrupção do fornecimento de energia elétrica. Não vai faltar, portanto, luz na casa de ninguém, nem em estabelecimentos públicos e privados algum.

Segundo a Federação Nacional dos Urbanitários, com a greve, até a meia noite de quarta-feira, dia 13, serão paralisadas atividades administrativas, de operação e manutenção em todas todas as empresas de geração, transmissão e distribuição de energia do sistema Eletrobras. São elas: Furnas, Chesf, Eletrosul, Eletronorte, a própria Eletrobras e o Centro de Pesquisa de Energia Elétrica (Cepel), além das distribuidoras do Piauí, Rondônia, Roraima, Acre e Amazonas.

EMPRESA DO POVO

Atualmente, 63% do capital da Eletrobras pertencem ao povo. Desse percentual, 51% são controlados pela União e 12% pelo BNDESPar (braço do BNDES, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

A Eletrobras é responsável pela gestão de 32% da capacidade de geração de energia instalada no Brasil. Atua aindana distribuição em seis estados das regiões Norte e Nordeste. “Além disso, o grupo é responsável por 47% das linhas de transmissão de energia do país e possui usinas de vários tipos, como hidrelétricas, eólica, nuclear, solar e termonuclear”, informa a Agência Brasil.


A luta dos trabalhadores, respaldada pela opinião pública, tem diminuído o impeto privatista do governo ilegítimo. Recentemente, por exemplo, o Executivo tirou de pauta uma medida provisória (MP 814/2017) que alterava a lei do setor elétrico e abria caminho para a privatização da Eletrobras.

Para o coletivo de eletricitários, entretanto, o recuo não significa que o governo golpista tenha desistido de vender a companhia pública. O que houve foi uma mudança de estratégia.

Há um projeto de lei em tramitação no Congresso (Projeto de Lei 9.463/18), que trata especificamente da desestatização da Eletrobras, e os eletricitários alertam para outros atos também, como o decreto 9.188/2017. Este se refere ao desinvestimento das Empresas de Economia Mista.

“Com a greve queremos abrir o diálogo nas duas Casas legislativas [Câmara e Senado] e mostrar que os trabalhadores têm propostas para a empresa e que não passam pela privatização”, afirma o presidente do Sindicato dos Urbanitários do Amazonas, Edney Martins, em matéria no Portal Vermelho.

POR QUE NÃO À PRIVATIZAÇÃO

A contrariedade à privatização da Eletrobras se deve a razões óbvias e simples: energia elétrica é uma área estratégica. Entregar à iniciativa privada é por em risco a soberania nacional no planejamento e na operação dessa estrutura essencial ao funcionamento do país. A onda de privatizações de empresas do setor elétrico, nos anos 1990, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, levou por exemplo ao apagão de 2001.

Outro motivo evidente: a privatização vai significar tarifas de energia elétrica mais caras. Energia elétrica passará ser mercadoria, objeto de lucro das empresas detentoras do sistema, não um serviço essencial e estratégico ao desenvolvimento do país.

O presidente da FNU, Pedro Blois, explica: “Ao contrário do que o governo diz, a privatização da Eletrobras irá aumentar a conta de luz para o consumidor comum e a greve é um alerta para à população sobre esse risco. Além do mais, a política de privatização coloca em cheque a soberania nacional no planejamento e na operação da matriz elétrica brasileira, uma vez que o patrimônio do povo será vendido ao capital estrangeiro e, ainda por cima, a um preço de banana”.

COMO PARTICIPAR

  • Acompanhe por www.energianaoemercadoria.com.br toda a mobilização e as formas de somar à luta

Imagem em destaque: eletricitários em defesa de Furnas. Foto do “Energia Não É Mercadoria”


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