Desde a Copa de 1966, a seleção brasileira não acumulava resultados tão pífios na primeira fase. Mas, se passar para as oitavas, o gigante cresce
Por Wagner de Alcântara Aragão (@waasantista) | De Curitiba
No ponto de ônibus, no elevador, na fila do supermercado, no táxi, no trabalho, na escola, na igreja, no clube, na mesa de bar, nos grupos de whatsapp… Pelo menos até a próxima quarta-feira, dia 27, quando a seleção brasileira entra novamente em campo pela Copa do Mundo da Rússia, as rodas de conversa devem ter como pauta o risco de o Brasil não se classificar para a fase seguinte da competição.
Se isso ocorrer, o que não é improvável, seria a pior campanha do Brasil desde a Copa de 1966, na Inglaterra, quando o time canarinho, que lutava pelo tri, não passou da primeira fase.
Ao mesmo tempo, tampouco é difícil a seleção brasileira ser eliminada se na hora agá a camisa pesar.
E, seguindo adiante no mundial, também é possível que o time cresça e recupere o favoritismo para conquistar o hexacampeonato.
A partir das oitavas de final, não há time jogando pelo empate. Os adversários precisam buscar o gol, abrir mão da retranca. E então se abrem os espaços para que a qualidade técnica dos nossos atletas apareça. O Brasil joga melhor assim: contra seleções menos retrancadas.
Além disso, das oitavas em diante a tendência é a de clássicos. Quem acompanha futebol sabe que, em clássicos, a situação se equilibra. Mesmo uma equipe passando por um mau momento, quando se depara com um semelhante gigante encontra forças não se sabe de onde, e equilibra a peleja.
APOIO DA TORCIDA
As declarações do atacante Gabriel Jesus ao final da sofrida vitória diante da Costa Rica, na sexta, dia 22, revelam que o time parece travado também pela pressão – entendida também como falta de respaldo – da torcida. O camisa 9 desabafou: “é hora de recebermos o apoio dos trocedores”.
Ocorre que, fora Neymar, a seleção é composta por ótimos e bons jogadores, mas nenhum acima da média. Só que os torcedores, acostumados com times que contavam com no mínimo três, quatro, até meio time de craques (2006, 2002, 1982, 1970, 1962, 1958), não se conformam com a mesmice apresentada nos dois primeiros jogos. Problema, porém, que não é exclusividade do Brasil: tirando a Rússia, time da casa, e a Croácia, que não se intimidou com Messi e a Argentina, nenhuma outra seleção tem se imposto. Mesmo França, Espanha e Bélgica, com toque de bola mais refinado, ainda devem maior encantamento.
Talvez fruto da mercantilização do nosso futebol e dos nossos atletas, que valoriza os principais jogadores mais como garotos propagandas e produtos de mercado do que propriamente esportistas da bola, parte considerável da torcida nacional – especialmente a manifesta nas redes sociais – demonstra uma antipatia difícil de ser transposta. Neymar é o principal alvo.
O tempo todo o camisa 10 precisa provar que é craque. O pior é que críticas ecoadas pelas redes sociais como verdades absolutas menos têm a ver com o futebol do jogador e mais com seu comportamento como indivíduo. Pega-se mais no pé por causa do cabelo, do choro, da presença ou ausência da namorada; até pela sua falta de posicionamento político social mais consistente ou coerente, Neymar chega a ser objeto de rechaço.
PRIMEIRO OU SEGUNDO?
Na coletiva após a partida contra a Costa Rica, o técnico Tite se mostrou bem pé no chão. A prioridade é se classificar, não importa se como primeiro ou segundo colocado no grupo. Não é uma situação a que os torcedores brasileiros, e os espectadores de futebol em todo mundo, estão habituados. O Brasil sempre começa a Copa com a obrigação de cumprir, e bem, a primeira fase. “A busca de ser primeiro não está em pauta”, declarou o treinador aos jornalistas.
Com a vitória da Suíça (2 a 1) sobre a Sérvia, o grupo ficou emboladíssimo: Brasil e Suíça com 4 pontos e Sérvia com 3. A seleção só vai depender dela para se classificar, entretanto vai enfrentar os servos necessitando do resultado para seguir adiante. Ou seja, o Brasil chega à ultima roda tanto perto de uma classificação no primeiro posto como também sequer se passar para as oitavas. A decepção ronda. Mas com ela a factível esperança da consagração.
Imagem em destaque: menino às margens do Lagoa Paranoá, em Brasília, enquanto torcedores assisitam ao jogo do Brasil. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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