Vem da Amazônia uma saída para escapar da maisena transgênica

Farinha de babaçu está sendo utilizada no lugar do amido de milho, que no mercado só se encontra agora na versão geneticamente modificada, tanto da marca Maizena como de outras

Do Instituto Socioambiental (ISA) | De Altamira (PA)

São 16 opções entre vatapás, bolos, pães, tortas, biscoitos e manjares.

Pratos doces ou salgados, todos fáceis de preparar e disponíveis de maneira gratuita no livreto Receitas com Farinha de Babaçu, assinado pelo co-fundador do Instituto ATÁ, Alex Atala, pela chef de cozinha natural Bela Gil e pela nutricionista Neide Rigo.

A publicação, realizada pelas associações extrativistas da Terra do Meio (PA) e pelo Instituto Socioambiental (ISA), dá continuidade à campanha Da Floresta para a Merenda!, que levou às escolas municipais da região de Altamira (PA), às margens do rio Xingu, a versatilidade e o valor nutricional da farinha de babaçu.

A farinha de babaçu “Vem do Xingu” é beneficiada nas miniusinas multiprodutos da Rede de Cantinas da Terra do Meio, e é fruto do trabalho das comunidades ribeirinhas das Reservas Extrativistas Rio Iriri, Riozinho do Anfrísio e Xingu, dos agricultores do Projeto Sementes da Floresta e do povo Arara da Terra Indígena Cachoeira Seca, no Pará.

Tantos as reservas extrativistas como a terra indígena sofrem com o impacto direto da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, com o roubo de madeira e com o desmatamento ilegal.

A região foi palco de intensa grilagem entre os anos 1990 e 2000, e a estruturação das cadeias produtivas, como a do coco babaçu, é um importante mecanismo de valorização, manejo e proteção do território por parte das comunidades.

A farinha do coco babaçu hoje está nas merendas de crianças de escolas municipais da região de Altamira (PA) e nas casas de moradores das cidades da região.

A entrega de 4,5 toneladas do produto entre 2017 e 2018 para as prefeituras do Médio Xingu fortalece o trabalho de indígenas e ribeirinhos e leva o Selo Origens Brasil®, iniciativa que garante relações comerciais éticas e transparentes entre empresas e comunidades.

Para Bela Gil, a farinha de babaçu é “superprática, versátil na cozinha”. “Ela substitui muito bem o amido de milho para engrossar caldos e sopas. Dá para fazer mingau, bolos e pães. Enfim, é maravilhosa.”

“A farinha de babaçu é um presente da floresta. É um produto limpo, sem agrotóxicos com várias utilizações em doces e salgados. E faz bem para quem produz e para a floresta”, diz Alex Atala.

E, segundo Neide Rigo, a farinha de babaçu “é rica em ferro, rica em fibras solúveis, tem taninos, além de fibras e minerais que outros amidos puros não têm.”

Imagem em destaque: Francisca das Chagas Araújo e seu filho mais novo, Marlon, trabalham na produção de farinha de babaçu, observados por Bela Gil. Foto de Lilo Clareto (ISA)


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