Pode se preparar para pagar mais por transporte com a privatização da BR Distribuidora

Gasolina para o carro, diesel para o ônibus; impacto no preços dos alimentos; joia entregue de mãos beijadas. Eis os prejuízos

Por Wagner de Alcântara Aragão (@waasantista) | De Curitiba (PR)

Enquanto Jair Bolsonaro e Cia. tumultuam a política do Brasil com as aberrações que dizem em entrevistas e redes sociais, vão entregando de bandeja o patrimônio do povo.

Na última terça-feira, dia 23, venderam a preço de banana a 160 compradores privados, inclusive a empresas dos Estados Unidos e Europa, uma das mais preciosas joias do Brasil: a BR Distribuidora, da Petrobras.

Com a privatização, pode se preparar: se combustível custa caro e encarece transporte e alimentos, para citar apenas itens de primeira necessidade, isso vai fugir mais ainda do controle.

Por que?

Por que agora a distribuição de combustíveis estará totalmente nas mãos de empresas privadas, que terão forte poder para pressionar por preços que satisfaçam sua sede por lucros.

Como é com as telecomunicações, com a energia elétrica, com os planos de saúde, entre outros serviços privatizados. O Brasil tem as tarifas mais caras do mundo nesses serviços. Já a qualidade, você sabe, é das piores.

Além desses efeitos diretos – ou seja, combustível mais caro na bomba no posto, impacto sobre preços de outros produtos – a privatização da BR Distribuidora acumula outros prejuízos difíceis de serem recuperados.

A BR Distribuidora era uma empresa pertencente à Petrobras. E uma das principais fontes de subsistência da companhia pública.

A BR Distribuidora era eficiente e lucrativa.

Acompanhe os dados e veja como ela foi entregue de mão beijada:

  • Só nos três primeiros meses deste ano, o lucro acumulado da BR Distribuidora é de R$ 477 milhões.
  • Em 2018, a BR Distribuidora teve lucro líquido de R$ 3,19 bilhões.
  • Já receita em 2018 foi de R$ 122,33 bilhões com vendas de combustíveis.
  • A BR Distribuidora tem 8 mil postos de combustíveis e opera em 99 aeroportos.
  • A Petrobras vendeu 30% de suas ações da BR Distribuidora por R$ 9 bilhões.
  • É um valor, você pode comparar, muito baixo em relação ao lucro. Com três anos, o lucro já iguala o valor da venda. E muito baixo em relação ao tamanho do patrimônio.
  • Para se ter uma ideia do absurdo: esse valor da venda da BR Distribuidora é menor que os US$ 3,2 bilhões pelos quais o grupo francês Louis Vuitton comprou a rede Belmont, dona do hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro.

Diversas entidades estão se mobilizando para tentar impedir esse entreguismo.

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e sindicatos da categoria, por exemplo, entraram com ação popular na Justiça Federal, contra a venda das ações e consequente perda do controle da BR Distribuidora por parte da Petrobras.

A FUP argumenta que a venda viola “princípios da legalidade, moralidade e eficiência, de matrizes constitucionais” e causa danos irreparáveis ao país, “com efeitos concretos deletérios à sociedade brasileira”.

Questiona ainda a Federação Única dos Petroleiros e outras entidades:

“De uma lista das 20 maiores empresas de petróleo do mundo, a Petrobras será a única a não contar com uma distribuidora própria?”

Confira como era e como ficou:

  • Até 2017, a BR Distribuidora era 100% da Petrobras.
  • Naquele ano, o governo de Michel Temer, foi vendido o primeiro lote de ações. A Petrobras passou a ter 71,25%.
  • Agora, no governo Bolsonaro, com a venda dos 30%, a Petrobras passa a ter apenas 41,25% da BR Distribuidora e não é mais sua controladora.
  • Um lote residual de ações deve ser vendido, e a Petrobras não terá mais 37% da BR Distribuidora.
  • Ou seja, o controle passa a ser dos acionistas privados.
  • Bancos participaram da operação de compra da BR Distribuidora. São eles: Merril Lynch, Citi, Credit Suisse, JP Morgan, Santander, Itaú e XP.
Imagem em destaque: Posto BR/ Divulgação Petrobras


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