Cuidar da mente em tempos de pandemia

Orientações no campo da Psicologia e da Psiquiatra para lidar com o confinamento, necessário na prevenção ao novo coronavírus.


Por Wagner de Alcântara Aragão (@waasantista) | De Curitiba (PR)

Caminhamos para mais algumas semanas de isolamento social.

O confinamento, o distanciamento de familiares e amigos, o afastamento das atividades a que estávamos acostumados, tudo isso impacta na saúde mental.

Para que cuidemos da mente também – e esses cuidados igualmente fazem parte do processo de enfrentamento da pandemia do novo coronavírus -, profissionais de Psicologia e Psiquiatria têm dado orientações importantes. E que valem para todas as classes sociais.

As dicas mais recorrentes são:

  • Estabelecer uma rotina de afazeres
  • Desconectar em alguns momentos, em outros aproveitar das tecnologias para conversar com quem está distante
  • Estar com a informação em dia, mas procurar desconfiar de mensagens alarmistas ou sobre teorias da conspiração para não cair em fake news
  • Aproveitar para realizar atividades que o cotidiano costuma restringir: ler, estudar, ouvir música, ver filme, cozinhar, desenhar, cuidar de plantas; crochê, tricô, bordado; artesanato
  • Fazer exercícios físicos, adaptáveis para casa, também é indispensável

Para a psicóloga Tanielle Christian Andretta Pereira, o confinamento se apresenta como oportunidade para que a sociedade, de um modo geral, e cada pessoa repense hábitos e modos de vida. Ela afirma:

“Fecharam-se escolas, cancelaram-se eventos em ambientes públicos. Somando-se a isso, regras de comportamento – até mesmo para as nossas relações, como a distância de alguns metros – dificultam nossa expressão de característica mais humana que existe: a de sermos um animal social. Uma dura lição que a natureza está dando ao ser humano.”

O desafio, aponta a profissional, é o de reduzir os efeitos psicológicos negativos causados pela quarentena e observar o lado positivo. “Por exemplo, o de que precisamos mudar nosso ritmo de vida, precisamos desacelerar e viver de forma mais sustentável e equilibrada”.

Tanielle sublinha: “é preciso desfazer a percepção de que ficar em casa é deprimente. Não, não estamos falando de solidão, de abandono. A necessidade de ficar em casa neste momento traz segurança, atenção por quem amamos. Vamos tirar proveito desse momento, nos conhecendo”.

Atentar-se para o fato de que temos de mudar paradigmas é o apontamento também de outro profissional, o psiquiatra Antônio Geraldo.

Em entrevista à TV Brasil, ele assinala a importância de internalizarmos que o isolamento social é para o bem comum – um gesto de solidariedade. “Se cada um de nós não agir como transmissor desse vírus, levando daqui para ali, sozinho ele não vai”, disse, sobre a consciência do por que ter de ficar em casa.

Dessa forma, continua, “é um momento de criar, fazer coisas novas e ajudar as pessoas”.

Há de se cuidar da saúde mental e se atentar a possíveis sintomas que indiquem que algo não vai bem.

O psiquiatra frisa que quadros depressivos, por exemplo, diminuem a imunidade.

É comum em situações como a atual ocorrerem comportamentos de dois tipos, explica o psicanalista e professor da Universidade de São Paulo (USP), Christian Dunker.

“Umas pessoas tendem a negar a realidade, fugindo para um mundo de fantasias; outras se projetam na realidade, se expondo excessivamente aos fatos apresentados pelo noticiário. São reações normais, assim como também é o medo, e não devem ser menosprezadas”, declara, em entrevista ao Jornal Brasil Atual, da Rede Brasil Atual.

Quem está por perto não pode condenar a outra pessoa por esse tipo de comportamento, recomenda o psicanalista:

“Em hipótese alguma, se deve desfazer do sofrimento daquela pessoa. Não tente minimizar, acusar histeria, nem desfazer daquela realidade psíquica em curso. É hora de se aproximar, escutar, oferecer companhia. A partir da conversa, do compartilhar das preocupações e temores, tentar acalmá-la e tranquilizá-la.”

Há várias iniciativas de auxílio psicológico solidário sendo desenvolvidas. Uma delas é o Psicologia Solidária, por meio deste perfil no instagram: @psicologiasolidaria.covid19.

São postadas dicas e também é possível obter atendimento virtual.



Imagem em destaque: o vazio da Rodoviária do Tietê, em São Paulo, uma mostra da quarentena que deixa as pessoas em casa. Foto de Djalma Vassão/Fotos Públicas


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