Em debate, presidentes das ligas de Santos e de São Paulo falam de como as escolas de samba projetam o pós-pandemia. E o futuro mais distante também.
Por Wagner de Alcântara Aragão (@waasantista) | De Curitiba (PR)
Do jeito que der para brincar, brincaremos.
Se não der de jeito nenhum, fica para 2022.
O trabalho segue na medida do possível, com todas as adaptações.
Foi, em síntese, o prognóstico que os presidentes das ligas das escolas de samba de Santos, Ditinho Fernandes, e de São Paulo, Sidnei Antônio Carriuolo, traçaram para o próximo Carnaval.
O encontro entre os dois ocorreu nesta semana (terça, dia 02/06/2020), em debate virtual (“live”) promovido pelo canal Santos Carnaval.
A Rede Macuco e a Preta Jóia foram convidados a fazer perguntas aos dirigentes.
Como a pandemia do novo coronavírus segue, e o tempo vai passando, as incertezas sobre a possibilidade ou não de se promover em 2021 uma das maiores expressões artísticas e culturais do mundo vão aumentando.
Ditinho e Sidney explicaram que, dentro das restrições, as agremiações têm feito seus trabalhos.
Enredos estão sendo definidos, sinopses concebidas, algumas “lives” realizadas, e muitas ações de solidariedade sendo desenvolvidas.
(Confecção de máscaras e arrecadação de mantimentos têm feito parte da rotina das escolas de samba).
Os dois dirigentes ressaltaram que até 2021, e também quando o Carnaval chegar, tudo será feito conforme diretrizes das autoridades de saúde.
PREOCUPAÇÕES
Há, porém – em decorrência da pandemia e de suas incertezas -, preocupações outras.
Uma, a de que comunidades e público espectador, receosos de aglomerações, retornem de maneira gradativa às escolas.
Outra, a de que a crise econômica decorrente da pandemia signifique corte de investimentos no Carnaval.
Ditinho e Sidney salientaram que, além de manifestação artística e cultural, os desfiles das escolas de samba criam emprego e renda durante o ano todo; aquecem economias locais e, por tabela, geram tributos.
Nem todo mundo, todavia, tem essa percepção, lamentaram os presidentes das ligas santista e paulistana.
“Quando se fala em ‘dar’ dinheiro para escola de samba, não existe isso. Não existe ‘dar’. Existe investir, porque esses recursos voltam”, frisaram ambos.
MÉDIO E LONGO PRAZO
Os dois trataram também de desafios para médio e longo prazo.
Ditinho explicou sobre o pleito para que a Prefeitura de Santos mantenha intactas duas áreas no entorno da Passarela do Samba Dráuzio da Cruz, na Zona Noroeste da cidade, e que são utilizadas como espaço para acomodação de carros alegóricos – infraestrutura de logística indispensável para a qualidade do espetáculo.
O objetivo é dotar o local também de uma “Fábrica dos Sonhos”, similar à “Fábrica do Samba” que existe em São Paulo e à “Cidade do Samba” do Rio de Janeiro.
Entre outros desafios, Sidnei Carriuolo mencionou a necessidade de enfrentar o preconceito de que o Carnaval é vítima, acentuado nestes tempos em que o reacionarismo ganhou força. “Tem que haver um respeito à nossa cultura. Escola de samba é a maior democracia social que existe.”
Imagem em destaque: reprodução de frame do debate ao vivo
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