A saída da crise, com inclusão, passa pelos bancos comunitários

Nesta semana ocorre o 5º encontro da rede que reúne experiências exitosas no Brasil. Liderança do Banco Palmas conta êxito de iniciativa em Fortaleza


Por Wagner de Alcântara Aragão (@waasantista) | De Curitiba (PR)

A Rede Brasileira de Bancos Comunitários realiza entre esta segunda-feira, dia 8, e sexta, dia 12, a quinta edição de seu encontro nacional.

Em razão da pandemia do novo coronavírus, o evento ocorre pela internet, em atividades das 17h às 19h.

Por meio da página no facebook da Rede Brasileira de Bancos Comunitários, é possível conferir como participar: redebrasileiradebcds.

Neste ano, o intercâmbio de experiências tem um propósito extra: mostrar por que a saída da crise – com inclusão social e desenvolvimento local – passa pelos bancos comunitários.

Em debate na última semana, no canal Raiz Trabalhista, um dos líderes do banco comunitário mais antigo do Brasil, o Banco Palmas, criado há 22 anos, Joaquim Melo explicou direitinho como a iniciativa faz com que riquezas sejam produzidas e revertidas localmente.

O Banco Palmas opera desde 1998 no Conjunto Palmeira, periferia de Fortaleza, inclusive como moeda própria – a moeda social “palmas”.

A criação do banco surgiu de uma inquietação da comunidade.

“Nos perguntávamos por que éramos pobres. A resposta era: ora, porque não temos dinheiro”, relembrou.

“Tudo o que se fazia, tudo o que se consumia e se comprava, era feito fora. Fizemos uma descoberta simples: somos pobre porque tudo que compramos compramos fora. Então decidimos criar o banco, com essa filosofia, simples: de produzir e consumir localmente.”

Joaquim Melo continuou a narrativa: “iniciamos com R$ 12 mil, financiando as empresas locais e oferecendo crédito para a população. Era tão simples e tão básico, não precisou nem economista”.

A lógica era trivial: “emprestamos para quem quer produzir e pra quem precisa consumir.”

A empreitada se mostrava cada vez mais exitosa, até que, em 2005, o secretário nacional de Economia Solidária, Paul Singer (a pasta, com status de ministério, tinha sido criada em 2003 pelo Governo Lula), buscou no Banco Palmas a referência para estimular a formação de outros bancos comunitários no país.

“Paul Singer nos convidou e filosofia se espalhou por todo o Brasil.”

Ainda assim, só em 2010 o Banco Central reconheceu formalmente os bancos comunitários, e em 2015, com o advento das moedas digitais, um marco regulatório foi instituído.

Hoje, com a pandemia colocando em evidência a necessidade de consumo local, de fortalecimento dos pequenos negócios, os bancos comunitários se apresentam como ferramentas para fomentar o desenvolvimento socioeconômico local.

Atualmente, a Rede Brasileira de Bancos Comunitários conta com 120 instituições, nas cinco regiões do país.

Confira o debate com Joaquim Melo, no Raiz Trabalhista, na íntegra: https://youtu.be/N8tq565YPvg


Imagem em destaque: atendimento no Banco Palmas. Divulgação @bancopalmas


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