Juiz bombeiro. Por G. O. Aragão

“Apagando o incêndio da delação”: em versos de cordel, o “rumo esquisito”. “Do jeito que a coisa vai, já antevejo conflito”

JUIZ BOMBEIRO (Apagando o incêndio da delação)
G. O. Aragão

Não pensei que a coisa fosse
Tomar um rumo esquisito
Do jeito que a coisa vai
Já antevejo conflito
Quando o fogo pula aceiro
É preciso ser ligeiro
Não dar pra apagar com grito

Ponha lenha na fogueira
Deixe o milho papocar ¹
Vê se dobra a vigilância
Para ele não queimar
Não precisar ser ranzinza
Se não tudo vira cinza
Nada pode aproveitar

Vou entrar no redimunho ²
Para a pressão amainar
É preciso maestria
Pra demanda mitigar
Fiz um esforço medonho
Não apague o meu sonho
De uma arenga estancar

O carro no pit stop
Faz o motor esfriar
Evitando explosão
Que não possa controlar
A palavra também fere
A educação confere
Comportamento exemplar

O meu esforço agora
Pra que a paz volte a reinar
Tem objetivo claro
De a aresta aparar
Se for com o dedo em riste
Vai me deixar muito triste
Esta forma de encerrar

Que todos me ouçam bem
O que vou lhes declarar
Quando emito parecer
É pra mente clarear
Se virar saga de Eneida
Ou se for no peida – peida
Só quem ganha é o cangambá

1- corruptela de pipocar, na linguagem matuto | 2- o mesmo que rede moinho idem

Geraldo Oliveira Aragão é professor, cordelista, benemérito da Academia Brasileira de Literatura de Cordel e membro correspondente da Academia Gloriense de Letras (Nossa Senhora da Glória/SE)

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