Dois indicadores de inflação – o IPCA e o INPC – mostram que comer ficou mais caro, e as famílias mais pobres são as mais impactadas
Por Umberlândia Cabral, da Agência de Notícias do IBGE | Do Rio de Janeiro (RJ)
A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), acumula em 2020 (janeiro a novembro) alta de 3,13%.
Em 12 meses (dezembro de 2019 a novembro de 2020), a inflação é de 4,31%, acima dos 3,92% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.
“O grupo de alimentos e bebidas continua impactando bastante o resultado. Dentro desse grupo, os componentes que mais têm pressionado são as carnes, que nesse mês tiveram uma alta de mais de 6%, a batata-inglesa, que subiu quase 30% e o tomate, com alta de 18,45%”, explica o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.
Além desses alimentos, outros produtos importantes na cesta das famílias também tiveram alta, como o arroz (6,28%) e o óleo de soja (9,24%).
Com isso, o grupo de alimentos e bebidas variou 2,54%, em novembro deste ano. Outras variações positivas foram da cerveja (1,33%) e do refrigerante e água mineral (1,05%) consumidos fora do domicílio.
Alimentos e bebidas respondem por 75% da inflação dos mais pobres em novembro
O grupo de transportes, que teve alta de 1,33%, foi a segunda maior influência no índice de novembro. A inflação do grupo foi causada pelo aumento no preço da gasolina (1,64%).
“É a sexta alta consecutiva da gasolina e, além disso, tivemos a alta de 9,23% do etanol e de outros componentes que têm bastante peso dentro dos transportes, como é o caso dos automóveis tanto novos quanto usados”, diz o pesquisador, ressaltando também as altas de seguro voluntário de veículos e transporte por aplicativo.
Juntos, os grupos de alimentos e bebidas e transportes representaram cerca de 89% da alta do IPCA de novembro último.
A alta nos preços atingiu todas as 16 regiões pesquisadas no IPCA. O maior resultado ficou com Goiânia (1,41%), impactado principalmente pela variação positiva das carnes (9,11%) e da energia elétrica (3,69%).
O menor foi registrado em Brasília (0,35%), influenciado pela queda nos preços da gasolina (-0,68%).
Com o acumulado de 4,31% em 12 meses e faltando um mês para o fechamento do ano, a inflação está dentro da meta do governo e próxima ao centro da meta, atualmente estipulada em 4,0%, com margem de 1,5% de tolerância, para mais ou para menos.
“Esse acumulado ainda está influenciado pela inflação forte que tivemos em dezembro do ano passado por conta das carnes. Vamos ter que esperar para ver como vai ser o comportamento de dezembro deste ano”, diz.
Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de novembro teve alta de 0,95%, acima da taxa de outubro, quando havia registrado 0,89%. Esse é o maior resultado para um mês de novembro desde 2015, quando o índice foi de 1,11%.
Os produtos alimentícios subiram 2,65% em novembro enquanto, no mês anterior, haviam registrado 2,11%. Já os não alimentícios cresceram 0,42%, após registrarem 0,52% em outubro. Todas as áreas pesquisadas tiveram inflação em novembro.
No ano, o INPC acumula alta de 3,93% e, nos últimos 12 meses, de 5,2%, acima dos 4,77% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em novembro de 2019, a taxa foi de 0,54%.
MENOR RENDA
O cálculo do INPC se refere às famílias com rendimento monetário de um a cinco salários mínimos, sendo o chefe assalariado, e abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e de Brasília.
Por sua vez, o IPCA abrange famílias que ganham até 40 salários mínimos, independentemente da fonte.
Tanto o IBGE como o Ipea são institutos públicos federais. O IBGE foi fundado pelo governo em 1934, com início das atividades em 1936, e o Ipea foi criado em 1964 (com o nome de Epea; a mudança para Ipea ocorreu em 1967).
Imagem em destaque: gastos com alimentação crescem ao longo de 2020. Foto de Helena Pontes/Agência IBGE Notícias
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