Produção em assentamentos em 11 municípios do Rio Grande do Sul completa 20 anos em 2021. Além de sustentável, é saudável
Por Maiara Rauber, da Página do MST | Da Grande Porto Alegre (RS)
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) resgatou o objetivo da reforma agrária e atualizou, para então reconhecer a família agricultora como guardiã das florestas, das sementes, das nascentes, dos rios e da fauna.
Por isso, os sem terra passaram a entender que o território conquistado tem um compromisso com a sociedade e com o planeta de produzir alimento, mas também de cuidar da natureza.
Um dos maiores exemplos disso está nos assentamentos do Rio Grande do Sul, na produção do arroz agroecológico.
Em 2021 se completam mais de 20 anos no trabalho com o alimento orgânico, e isso vai ao encontro de processos alternativos à lógica de produção do agronegócio.
Sendo assim, ao trabalhar com a agroecologia, os assentados estabelecem relações de respeito e integração entre os seres humanos e os recursos naturais.
Prezar pela vida é a principal causa do MST.
Portanto, neste ano, devido à pandemia da covid-19, para comemorar a 18ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz Agroecológico, foi feita uma live para o evento.
O ato realizado em dia 30 de março contou com participações de aliados da agricultura familiar nacionais, como Manuela D’Ávila, deputado estadual Edegar Pretto (PT), presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) Amarildo Pedro Cenci, Frei Vilson Dallagnol e convidados internacionais.
Soberania alimentar, agroecologia e reforma agrária popular foram os temas debatidos. Segundo o trabalhador Nelson Krupinski, do setor de comercialização da Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre (Cootap), produzir de forma agroecológica, tanto para o MST quanto para os produtores, é um modo de vida.
“Buscamos a harmonização dos recursos naturais com a nossa produção, e para isso, preservamos a fauna e a flora”, pontua.
Ainda de acordo com Krupinski, isso só é possível fazer de forma equilibrada, com um trabalho de cooperação entre os assentados, os quais trocam conhecimentos e experiências, além de realizarem diversos estudos. “Trabalhamos diferente da agricultura convencional, pois ela busca apenas o lucro”, declara.
Ele acrescenta: “Nós acreditamos que através da agroecologia a gente vai poder alimentar a sociedade de forma mais saudável, com soberania alimentar e com preço justo. É simbólica essa forma de produção e de vida, pois não olhamos para a terra como uma mercadoria. Cuidamos dela e do meio ambiente para que nossos filhos e netos também possam desfrutar do que ela têm a oferecer”.
Atualmente o MST ganha o título de maior produtor de arroz orgânico da América Latina, segundo o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).
Para chegar a esse ponto, os assentados tiveram que lutar muito, e as palavras que vêm à mente são a organização e a cooperação entre eles.
Inicialmente, os produtores receberam auxílio da Cootap, da Cooperativa de Produção Agropecuária dos Assentados de Tapes (Coopat) e da Cooperativa de Produção Agropecuária Nova Santa Rita (Coopan), todas do MST.
As cooperativas conseguiram máquinas agrícolas e assistência técnica para os Sem Terra, o que viabilizou o cultivo. O modelo produtivo passou a gerar distribuição de renda e integração social e econômica entre as famílias, que hoje também se organizam através do Grupo Gestor do Arroz Agroecológico.
Imagem em destaque: família celebra a colheita. Foto de Tiago Giannichini, do MST-RS.
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