Universidade de Oxford aponta o país latino-americano como referência internacional; lá, imunização infantil começou há quatro meses
Por Fernanda Alcântara*, da Página do MST | De São Paulo (SP)
Cuba tem sido um exemplo mundial na área da saúde há décadas e, em relação ao combate a pandemia do novo coronavírus, é o segundo que mais vacinou a sua população.
O país chegou à marca de, segundo o Ministério da Saúde cubano, 93% de sua população vacinada com esquema completo e 58,9% com 4ª dose de reforço.
Ainda no começo do ano passado, ao contrário do Brasil que negou a pandemia de covid-19 e atrasou a compra de vacinas e a produção de uma vacina nacional, o governo cubano organizou um plano nacional de prevenção e controle do novo coronavírus.
Isso incluiu uma quarentena rígida e o acompanhamento de casos por bairros, como lembra o relato da Brigada Internacionalista do MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra] em Cuba.
Cuba lançou sua campanha de imunização em maio de 2021 e avançou rapidamente com sua realização.
Antes do final do mesmo ano, ocupava o primeiro lugar no mundo em relação à média de doses administradas por 100 habitantes por dia.
Já no final de janeiro de 2022, outra grande surpresa chamou a atenção para a ilha: todos os meninos e meninas cubanos a partir dos dois anos já estão vacinados.
Esses altos índices de vacinação favoreceram a reabertura do país para o turismo, ainda no final de 2021.
Em entrevista coletiva, o cônsul geral de Cuba, Pedro Monzón, explicou sobre o processo de reabertura de Cuba ressaltando a importância da vacinação em massa.
“Cuba tem medicamentos únicos no mundo. As vacinas distribuídas em Cuba são efetivas e serão reconhecidas pela OMS [Organização Mundial da Saúde] e a Opas [Organização Pan-Americana de Saúde]”, afirmou.
A eficácia da campanha de vacinação infantil é demonstrada pelos excelentes resultados obtidos.
A decisão de vacinar crianças maiores de dois anos contra a covid-19 colocou Cuba na vanguarda da imunização mundial e permitiu que as aulas presenciais fossem retomadas ainda em novembro do ano passado.
Assim, mesmo sem a obrigatoriedade da vacina, o povo cubano entendeu a importância da vacinação em larga escala.
A ilha começou marcar resultados satisfatórios de acordo com Ministério da Saúde de Cuba: mais de 1,6 milhões de crianças foram vacinadas contra a covid-19, em um total de mais de 3,3 milhões de doses.
Outro dado importante é que nenhuma morte pediátrica foi relatada desde o final da campanha de vacinação, como lembra a especialista Maria Eugenia Toledo, principal pesquisadora do teste clínico Soberana 02, no Instituto Pedro Kourí de Medicina Tropical (IPK). “Soberana” é o nome da vacina aplicada em Cuba, desenvolvida no próprio país.
“Em nenhuma criança foi observada miocardite ou pericardite. Além disso, após a conclusão do processo de imunização, nenhuma criança falecida foi relatada em Cuba”, assinalou.
IMPACTOS SOCIAIS
A defesa da vacinação infantil e os bons resultados de Cuba a este respeito leva em conta não somente os impactos na transmissão do vírus, mas também em termos sociais, porque as crianças voltaram à escola.
Para saber como este impacto, segundo Toledo, é preciso comparar os números de Cuba com outros países.
“Por exemplo, houve um aumento dos casos nos Estados Unidos, Itália e outros países; entretanto, em Cuba, apesar da variante Ômicron, mesmo com um aumento dos casos, os níveis estão bem abaixo daqueles relatados por outros países [que não investiram na vacinação infantil].”
O Nosso Mundo em Dados, site de estatísticas da Universidade de Oxford, ratifica Cuba como a nação número um nessa categoria com cerca de 294,02 doses, à frente do Chile (239,69), Emirados Árabes Unidos (231,98), China (205) e Brasil (164,25).
Inspirada nesse exemplo cubano, a Venezuela começou em novembro a imunizar crianças de 2 anos contra covid-19 com a vacina cubana.
De acordo com o governo cubano, também se destaca a autorização para uso emergencial da Soberana 02 e Soberana Plus para bebês no Irã e Nicarágua.
Com o lema “Vacinado contra o ódio, imunizado com solidariedade”, o governo cubano divulga frequentemente as ações de solidariedade da Ilha a países como a Venezuela.
Cuba é o único país latino-americano e caribenho a produzir sua própria vacina contra a covid-19.
Mesmo no contexto da pandemia, a ilha continua sofrendo com o bloqueio imposto a ela referente a insumos como seringas e agulhas para seguir a vacinação.
*Com informações do Ministério de Saúde, Ministério de Relações Exteriores de Cuba e jornal Granma.
Imagem em destaque: posto de vacinação em Cuba. Divulgação Ministério da Saúde do país.
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