Criptografia de aplicativos é usada em sala de aula no ensino de Matemática

Estudantes de escola pública no interior da Bahia aprendem números primos, fatoração, congruências, função e matriz a partir de contextos como troca de mensagem por whatsapp


Por Patrick Moraes, da UESB | De Boquira (BA)

Senhas em site, compras pela internet ou, até mesmo, aquela mensagem trocada pelo whatsapp com o amigo exige confidencialidade de dados. Para que isso aconteça, um método chamado criptografia é utilizado em todas essas ações virtuais, o que torna as informações enviadas incompreensíveis para pessoas não autorizadas e confere segurança para o usuário.

E esse método de ocultar dados envolve diversos conceitos de Matemática.

Pensando nessa associação, a pesquisadora Ana Lourdes Moreno desenvolveu um estudo em que a criptografia é um estímulo para a aprendizagem matemática.

Aplicada entre alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, no Colégio Municipal Ângelo Magalhães, localizado em Boquira, interior da Bahia, a pesquisa revela um maior interesse dos estudantes no processo de ensino-aprendizagem, bem como um entendimento do conteúdo matemático por meio de uma abordagem contextualizada.

CONTEÚDOS

Segundo a pesquisadora, por meio da criptografia, é possível abordar conceitos de números primos, fatoração, congruências, expressões algébricas, função, matriz, entre outros.

“Além disso, é possível trabalhar mensagens codificadas por meio de diversos conteúdos matemáticos, mesmo sem estar atrelado a algum método de criptografia existente”, explica.

DINÂMICA

O estudo foi desenvolvido de forma remota, em encontros síncronos e assíncronos, utilizando a metodologia da Sala de Aula Invertida (SAI).

Segundo a pesquisadora, o método inverte a lógica de explicar o conteúdo em sala de aula e deixar que o estudante realize as atividades em casa de forma solitária.

“No caso da SAI, o estudante se apropria, previamente, do conteúdo através de materiais disponibilizados de forma on-line, ficando a sala de aula para perguntas, discussões, trabalhos em equipe e atividades práticas, ou seja, aprendizagem ativa”, pontua.

TEXTOS, VÍDEOS E JOGOS

Além de textos, vídeos e conversas on-line, as aulas incluíam jogos envolvendo o conteúdo matemático trabalhado.

Esses jogos foram elaborados usando plataformas como Wordwall e Kahoot, nas quais é possível gerar relatórios para analisar o desempenho do participante.

“Acredito que o trabalho com temas do cotidiano faz com que o estudante perceba como determinado conteúdo é utilizado na prática e isso pode tornar a aprendizagem muito mais significativa”, defende.

A pesquisadora sublinha, ainda, que existe uma prévia aversão à disciplina de Matemática, e acredita que a abordagem descontextualizada é um dos fatores que pode levar a esse tipo de sentimento entre a maioria dos estudantes.

“Além de trazer questões cotidianas, penso que também é necessário utilizar metodologias mais ativas e, se possível, utilizando recursos tecnológicos digitais. Nossos jovens estão, cada vez mais, imersos nessa realidade, e a escola não pode mais continuar negando isso”, enfatiza.

DISSERTAÇÃO

O estudo resultou na dissertação “A criptografia como estímulo à aprendizagem matemática”, defendida por Ana Lourdes no Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional (Profmat) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), com orientação do professor Fernando dos Santos Silva.

Agora, os pesquisadores vêm trabalhando na elaboração de um artigo, no qual estarão disponíveis a ideia defendida e os resultados obtidos, para uma possível disseminação da proposta em outras salas de aula.


Imagem em destaque: uma das aulas, ainda remota durante a pandemia, em que estudante expõe aprendizado. Divulgação Uesb




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