Igualdade de direitos, empatia e representatividade ganham a cena no Acessa BH

Festival de atrações artísticas que prezam pela acessibilidade ocorre até 30 de outubro, tanto online como com atividades presenciais, em Belo Horizonte


Da ATTi Comunicação e Ideias | De São Paulo (SP) e Belo Horizonte (MG)

Começou em 1º de setembro e segue até 30 de outubro a  2ª edição do Festival e Seminário Acessa BH.

O evento promove uma série de atividades artísticas, culturais e de cidadania totalmente gratuitas. E, principalmente, prezando pela acessibilidade.

São cerca de 50 atrações, como espetáculos teatrais, de dança, música e literatura de artistas com e sem deficiência, além de diversas atividades formativas.

A programação é híbrida: há tanto eventos online, transmitidos pelo www.youtube.com/AcessaBH, como presenciais, em Belo Horizonte.

“Para o Festival e Seminário online, ampliamos o alcance, convidando artistas e profissionais de dez estados brasileiros e com olhar não só para diferentes corpos, mas também para a diversidade, com o protagonismo também de artistas mulheres e LGTBQIA=”, explica a idealizadora e curadora do Acessa BH, Lais Vitral.

Esta edição também conta com trabalhos que já integram a acessibilidade desde a concepção dos espetáculos, como as montagens da Cia Fluctissonante, do Paraná.

Trata-se de um coletivo formado por artistas surdos e ouvintes que se dedicam à criação cênica contemporânea e bilíngue (Libras e Português), sendo precursora nacional na criação em arte acessível, destacando-se justamente pela união de duas das línguas oficiais do Brasil dentro da cena.

A Escola de Gente – Comunicação em Inclusão, reconhecida internacionalmente por seu trabalho em prol de uma sociedade inclusiva, também marcará presença no Acessa BH no Dia Nacional do Teatro Acessível, 19 de setembro.

ACESSIBILIDADE CULTURAL

Apesar de existir uma legislação específica, a acessibilidade cultural ainda deixa muito a desejar na prática.

Segundo o co-idealizador do Acessa BH, Daniel Vitral, aos poucos se vê um aumento de atividades culturais com acessibilidade, mas muitas vezes elas estão restritas a cumprir um protocolo.

“Vemos temporadas de espetáculos ou festivais com apenas uma sessão com recursos de acessibilidade. Ou ainda, uma sessão exclusiva para pessoas com deficiência. Em alguns projetos, vemos que a acessibilidade já é pensada desde o início das produções, mas eles ainda são minoria”, avalia.

LIBRAS

“Recentemente”, continua Vitral, “começamos a ter uma certa popularização dos intérpretes de Libras. Mas muito tem sido feito apenas de forma protocolar, porque a Lei de Incentivo à Cultura Federal, por exemplo, passou a exigir medidas de acessibilidade para pessoas com deficiência em todos os projetos”.

Entretanto, não basta apenas contar com um intérprete de Libras, “e não ter um material de divulgação adequado, ou não informar que haverá intérprete de Libras, ou colocar o intérprete num cantinho, praticamente fora do palco, de forma que a pessoa com deficiência auditiva não consiga ver a cena e o intérprete ao mesmo tempo, com facilidade”, exemplifica o realizador.

O Festival Acessa BH parte do princípio de que a pessoa com deficiência deve ter seu direito à cultura garantido, e para isso deve poder escolher o melhor dia/horário, bem como comparecer com seus amigos e familiares.


Imagem em destaque: cena de  Kiuá Matamba – Salve a Força dos Ventos – Mona Rikumbi (SP), espetáculo que ocorre em 27 de outubro no Acessa BH. Foto de Luisa Zucchi




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