Pesquisa em cosmecêutica explora potenciais do óleo de copaíba

Cientistas da UFRN desenvolvem formulação inédita, mais eficiente e menos onerosa. Pedido de patente já foi feito


Por Wilson Galvão, da UFRN | De Natal (RN)

Um grupo de sete cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desenvolveu uma formulação inédita na área cosmecêutica – junção dos nomes cosmética e farmacêutica.

Trata-se de uma emulsão cujo princípio ativo é o óleo de resina de copaíba, antibiótico natural com grande potencial de eficácia contra bactérias gram-positivas, muito utilizado como cicatrizante e anti-inflamatório no tratamento de infecções.

A invenção faz parte da dissertação de Meyrelle Figueiredo Lima, aluna do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química (PPGEQ/UFRN). O pedido de patente foi feito no último mês de dezembro.

TRATAMENTO DE FERIDAS

A mestranda destaca que o objetivo final do projeto foi desenvolver formulações economicamente viáveis e realizar testes in vivo a fim de comprovar sua eficácia no que diz respeito ao tratamento de feridas.

“Diversas tecnologias apresentam-se como candidatas promissoras ao desenvolvimento de produtos com óleos vegetais, porém muitas delas podem apresentar alto custo de execução, baixa estabilidade físico-química ou conter substâncias irritativas”, afirma a Meyrelle.

A pesquisadora continua: “A nossa formulação é capaz de utilizar baixas composições de matéria ativa mantendo alta estabilidade, diferentemente da maioria dos sistemas emulsionados, aos quais necessitam de alta quantidade de tensoativo e fase oleosa”.

DOENÇAS DE PELE

Por possuir propriedades cicatrizantes e anti-inflamatórias, o óleo de copaíba é comumente utilizado para tratar doenças de pele, possuindo aplicações importantes na indústria cosmética e cosmecêutica.

A formulação do invento criado na UFRN é capaz de utilizar baixas composições mantendo alta estabilidade e facilidade de espalhamento, sendo menos oleosa à pele, além de ser de fácil reprodutibilidade.

ECONOMICAMENTE VIÁVEIS

Outro pesquisador, Alcides de Oliveira Wanderley Neto, um dos inventores, explica que a invenção tem como objetivo final desenvolver formulações economicamente viáveis e realizar testes in vivo a fim de comprovar sua eficácia no que diz respeito ao tratamento de feridas.

Professor do Instituto de Química, Alcides pontua que um estudo preliminar de obtenção e estabilidade das formulações foi realizado em bancada. “O próximo passo será, então, confeccionar um protótipo em escala maior para serem realizados testes in vivo de acordo com o Comitê de Ética em Pesquisa”, sinaliza.

Na área cosmética, o desenvolvimento de sistemas emulsionados incorporados de óleos vegetais tem sido amplamente explorado devido às propriedades funcionais que esses óleos oferecem.

Eles apresentam biocompatibilidade com a pele, além de serem capazes de fornecer nutrientes importantes como ácidos graxos essenciais e algumas vitaminas.

A grande maioria dos sistemas emulsionados utilizam altas concentrações de tensoativo ou de fase oleosa, podendo ocasionar dificuldade no espalhamento, oclusão de poros, oleosidade excessiva na pele, além de possuírem elevado custo de fabricação.

Também participaram do invento Ádley Antonini Neves de Lima, Dennys Correia da Silva, Cynthia Haynara Ferreira da Silva, Hugo Alexandre de Oliveira Rocha e Eduardo Pereira de Azevedo.


Imagem em destaque: Meyrelle Figueiredo Lima, pesquisadora no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química. Foto: Cícero Oliveira – Agecom/UFRN




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