Censo do IBGE: a urgência de moradia e transporte público

Como pode ter aumentado em quase 90% o número de imóveis vazios no país, enquanto cresce a população de rua?


Por Wagner de Alcântara Aragão, especial para o Brasil Debate | De São Paulo (SP)

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou em 28 de junho último os dados do Censo Demográfico. De imediato, o levantamento mostra que temos, entre tantos, dois desafios urgentes: resolver o problema de moradia e dotar o país de sistema de transporte público eficiente.

Se não, vejamos. O IBGE aponta que o número de domicílios vagos no país cresceu 87% entre 2010 e 2022. São 11,4 milhões de unidades habitacionais sem ninguém ocupando. Ao mesmo tempo, cresce a população de rua, conforme percebemos em marquises, pontes e viadutos de cada cidade. Isso sem falar nas moradias indignas (cortiços, palafitas, encostas).

Por que? O que acontece? Como é que pode tanta gente sem teto e tanto teto sem gente?

O IBGE calculou também que somos mais de 203 milhões de pessoas vivendo no Brasil. Ao conferir as 15 cidades com mais de 1 milhão de habitantes, verificamos que boa parte delas não dispõe de sistemas de transporte coletivo de massa. Ou, quando existem, estão muito aquém da demanda.

Tomemos o caso de Guarulhos. É a segunda cidade com mais habitantes no Estado de São Paulo, 1,2 milhão. Exceto pela linha de trem que chega até próximo ao aeroporto, cuja funcionalidade é ligar esse terminal aeroviário à capital, e não servir de opção de modal urbano, a cidade não conta com nenhum serviço de grande capacidade: metrô, VLT, BRT, monotrilho, nada.

Manaus e Curitiba, respectivamente a sétima e oitava colocadas no ranking de cidades brasileiras com mais habitantes, igualmente carecem de opções que suportem o fluxo.

A capital paranaense até conta com extensa malha de BRT – foi pioneira no Brasil, neste modal, o que lhe deu fama. Hoje, apesar do imaginário de cidade modelo no quesito transporte coletivo, na prática o adjetivo não se confirma.

Os ônibus de Curitiba há um bom tempo não dão conta de tanta gente, nem acompanharam a expansão urbana para porções norte-nordeste e sul-sudoeste da cidade, menos ainda para os municípios vizinhos, da região metropolitana. Há mais de 20 anos fala-se em metrô, porém, de tantas promessas não cumpridas, é tida entre os moradores como lenda urbana.

No horizonte, há sinais de que poderemos enfrentar de vez esses problemas. O Minha Casa, Minha Vida, retomado, parece que vem forte. Em breve, o presidente Lula deverá anunciar a recriação do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), cuja versão mobilidade urbana (PAC Mobilidade Urbana) teve impulso considerável na gestão Dilma Roussef. Que volte com tudo, também.


Imagem em destaque: vista aérea da cidade de São Paulo. Foto: Diogo Moreira/ Governo do Estado




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