Precisamos voltar a comer frutas

Consumo caiu com a pandemia de covid-19, enquanto cresceu o de alimentos ultraprocessados, aponta pesquisa.  O Guia Alimentar da População Brasileira dá dicas para hábitos mais saudáveis


Com informações da Agência Brasil | De São Paulo (SP)

Os dados de uma pesquisa divulgada no último mês reiteram a urgência de se resgatar o Guia Alimentar da População Brasileira (cuja segunda edição foi lançada em 2014) e suas orientações sobre uma alimentação saudável.

Especialmente, com ações de fomento ao consumo de alimentos in natura, como frutas.

De acordo com a pesquisa, desenvolvida pelas universidade de São Paulo (USP) e Federal de Minas Gerais (UFMG), na comparação entre 2019 e 2021 e entre 2020 e 2021, houve:

> diminuição significativa no consumo de cereais, hortaliças, frutas e sucos de fruta industrializados

> alta no consumo de ultraprocessados, como refrigerantes, biscoito doce, recheado ou bolinho de pacote, embutidos, molhos e refeições prontas.

Ultraprocessados são alimentos prontos para consumo, que já vêm embalados, são hiper palatáveis (isto é, com sabor agradável) e cheios de aditivos alimentares.

Segundo o estudo, a elevação do consumo de ultraprocessados já é era fenômeno percebido no Brasil, e a pandemia acelerou ainda mais esse processo.

Impactou nesse processo também a diminuição da renda familiar em período recente.

DIMINUIÇÃO DA RENDA

Entre as pessoas que relataram esse problema como a principal causa da mudança nos hábitos alimentares, a maioria disse que precisou reduzir o consumo de alimentos in natura e minimamente processados, como carne bovina e suína, peixe, frutas e leite.

Por outro lado, o mesmo grupo revelou consumo de todos alimentos ultraprocessados. “Esse resultado sugere dificuldade de acesso a alimentos por uma parcela importante da população”, diz o texto do estudo.

ULTRAPROCESSADOS SÃO PREJUDICIAIS À SAÚDE E AO MEIO AMBIENTE

A nutricionista Giovanna Andrade, integrante do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da USP, alerta para a gravidade desse fato.

“É muito grave. Pior do que as pessoas não comerem ultraprocessado é elas não comerem nada, mas não dá para elas voltarem a comer só ultraprocessados”, adverte.

A especialista explica que o consumo de ultraprocessados aumenta a ocorrência de doenças crônicas, como obesidade, diabetes, hipertensão e câncer.

“Os governos têm que atuar no sentido de garantir uma alimentação adequada – não é só comida, é uma alimentação adequada”, defende Giovanna.

“Vários estudos, não só no Brasil, mas no mundo inteiro, mostram o quanto prejudiciais esses alimentos são para a saúde e também indicam o impacto ambiental do consumo desses alimentos. O ideal é a gente fugir deles”, aconselha Giovanna.

A pesquisa aponta que, no contexto da pandemia, o marketing desses alimentos “tirou proveito” por serem menos perecíveis e poderiam contribuir, portanto, com o distanciamento social.

Como contraponto, tem-se a importância de se difundir o Guia Alimentar da População Brasileira.

A segunda edição desse material foi lançada pouco antes da ascensão do negacionismo e do reacionarismo, que se tornaram predominante a partir de 2015, quando havia um vale-tudo de narrativas para destituir o governo de Dilma Rousseff.

Naquela ocasião, tudo que viesse do então governo tinha dificuldade de ter adesão, porque as forças políticas e midiáticas estavam focadas em desgastar aquela gestão.

Assim, políticas públicas como a que levou à elaboração do Guia Alimentar da População Brasileira ficaram pouco conhecidas e quase não foram apropriadas pela sociedade.


Imagem em destaque: família agricultora expõe em feira da reforma agrária no Recife. Eventos como esse ajudam a difundir o consumo de alimentos saudáveis. Foto: Daniel Violal/ MST Pernambuco




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