Paranaguá tem tesouros guardados no Museu de Arqueologia e Etnologia da UFPR

Obras do Mestre Vitalino, vestimentas e alegorias usadas em festas de Congada, Fandango e Boi Mamão, entre outras peças, compõem o acervo desse espaço histórico e cultural no litoral do Paraná


Por Wagner de Alcântara Aragão, para o Brasil de Fato Paraná | De Paranaguá (PR)

Paranaguá abriga um dos maiores e mais importantes portos do Brasil, com quase 59 milhões de toneladas movimentadas no último ano (2022). Mas é a poucos quilômetros do cais que a cidade litorânea guarda seus maiores tesouros.

Não se tratam das commodities embarcadas, nem dos fertilizantes descarregados, para citar o conjunto de produtos que mais passam pelos terminais portuários locais.

A riqueza de que falamos é cultural, imaterial. Referimo-nos ao acervo do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

O equipamento está instalado em um casarão colonial, de meados do século 18, adaptado com funcionalidades arquitetônicas contemporâneas. Está situado com vista, de seus janelões, para o Rio Itiberê, e tem entrada pela Rua XV de Novembro, 575, no Centro Histórico da cidade. Fica aberto de terça a domingo, das 8h às 20h. A entrada é gratuita.

Os tesouros?

Podemos citar obras do Mestre Vitalino, como ficou conhecido o artista Vitalino Pereira dos Santos (1909-1963), um dos maiores na transformação do barro em obras de arte.

Natural de Caruaru, Pernambuco, Mestre Vitalino teve e tem seus trabalhos expostos nos espaços mais renomados do mundo, como o Museu de Arte de São Paulo (Masp), o Museu de Arte Popular de Viena (Áustria) e o Museu do Louvre, em Paris (França). Neste ano, foi enredo da Mocidade Independente de Padre Miguel, nos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro.

Obras de Mestre Vitalino. Foto: @waasantista

No Museu de Arqueologia e Etnologia da UFPR em Paranaguá estão, de Mestre Vitalino, esculturas como ‘Mulher passando roupa’, ‘Lobisomem’ e ‘Fabricação de farinha, com oito personagens’.

As expressões das figuras humanas ali retratadas, bem como de suas ações nas cenas construídas, impressionam. Inclusive às crianças, que enxergam nelas um caráter lúdico.

SAMBAQUIS

Por falar em crianças, estas ficam especialmente encantadas com a seção do museu referente aos sambaquis. Em uma das visitas ao local feitas pelo Brasil de Fato Paraná, acompanhamos meninos e meninas atentos e curiosos diante do que lhes explicava o guia local. Não por menos.

As peças e ilustrações em exposição são de despertar a imaginação – mesmo mães, pais, avós e tios da criançada presente também não escondiam o interesse por saber mais sobre o acervo daquele ambiente.


Outras joias em exposição são alguns artigos de festas populares como a Congada, o Fandango e o Boi Mamão; e ainda de manifestações religiosas, cristãs, afrodescendentes e miscigenadas. São vestimentas, alegorias, bonecos e outras peças. Elementos que fazem referência ao trabalho das benzedeiras, tanto caiçaras como do interior do estado, também se fazem presentes nesse segmento do museu.

EXPOSIÇÕES

Além do acervo permanente, há obras em exposição temporária também. Neste fim de ano, duas que estão em cartaz enaltecem paisagens e modos de vida caiçaras.

‘Superagui’ é uma mostra de fotografias impressas em tecido, registros fotográficos esses feitos pelos próprios moradores da ilha, que fica na divisa dos litorais do Paraná e de São Paulo. Também é exibido um documentário. As obras são resultado de um curso de extensão universitária da UFPR, denominado ‘Fotografia e Turismo nas ondas de Superagui’.

LAGAMAR

A outra exposição caiçara é ‘Lagamar – mariscos, pessoas e outras histórias’.

Por meio de fotos, painéis e esculturas, apresenta uma prática recorrente nas áreas úmidas ou lagamares nos litorais paranaense e paulista: a pesca e cultivo de bivalves, isto é, os mariscos – como ostras, berbigão, mexilhão, bacucu, sururu e almeja. Os trabalhos vêm de projetos desenvolvidos em instituições de ensino superior públicas federais e estaduais do Paraná (UFPR, IFRP, Unespar e UEPG).

Entrada do Museu de Arqueologia e Etnologia da UFPR em Paranaguá. Foto: @waasantista

Como dito, o Museu de Arqueologia e Etnologia da UFPR tem entrada gratuita. Além dessa sede histórica em Paranaguá, a instituição conta com outros dois setores: uma sala didática e uma reserva técnica, ambas em Curitiba.

Mais informações em www.mae.ufpr.br.


Imagem em destaque: o Museu de Arqueologia e Etnologia da UFPR. Foto: @waasantista




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