Reforma agrária é trabalho e renda no campo. E muita arte também

Assentamento do MST em Pão de Açúcar, Alagoas, vive da apicultura, da agricultura e do artesanato popular; obras estarão na feira estadual, de 4 a 7 de setembro, em Maceió


Por Anidayê Angelo, da página do MST | De Pão de Açúcar (AL)

No coração do Sertão de Alagoas, o assentamento Sepé Tiaraju, localizado no município de Pão de Açúcar, completa 22 anos de luta e resistência.

Atualmente, o assentamento é lar de 15 famílias que têm transformado o solo sertanejo em uma fonte de vida e sustento por meio do artesanato em madeira, da apicultura e da agricultura de subsistência.

O trabalho e a arte do assentamento Sepé Tiaraju costumam ser um dos destaques da Feira da Reforma Agrária do MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra] em Alagoas. Neste, o evento, em sua 23ª edição, vai ocorrer de 4 a 7 de setembro, em Maceió, na Praça da Faculdade.

SOBRE O ASSENTAMENTO

Ocupando uma área onde antes havia terras improdutivas, as famílias assentadas dedicam-se à produção que reflete a diversidade do trabalho no campo.

A apicultura, por exemplo, tornou-se um dos principais pilares econômicos da comunidade, garantindo a produção de mel.

“Eu vejo a força da luta, do nosso povo na bandeira do MST”, destaca Edinilza, conhecida como Neuza, assentada que é zeladora da bandeira e do belo letreiro da entrada do assentamento.

ARTESANATO EM MADEIRA

Além da apicultura, o artesanato em madeira também é uma das principais fontes de renda do assentamento.

As famílias produzem peças que carregam em si o saber popular, passado entre as pessoas da comunidade, que representam a cultura sertaneja e a vida no campo.

Passarinhos, cobras, lagartos e esculturas diversas tomam forma nas produções em madeiras.

“As primeiras peças que vendi foi na Feira da Reforma Agrária, em Maceió. Fiz duas cadeirinhas lixando na mão, levei para lá e vendi. Com o dinheiro que consegui, comprei uma lixadeira e nunca mais parei”, conta o artesão Cleciano, conhecido como Boró, que já realiza esse trabalho há mais de 18 anos e pretende marcar presença na edição da feira este ano.

NATUREZA

Enquanto mostra seu ateliê, Boró relata: “A maioria das peças a natureza já mostra o que ela pode ser, nós só fazemos dar o acabamento. Outras maiores, o rio traz a madeira que cai dos temporais de ventos e nós transformamos em bancos, cadeiras e outros móveis.”

Lucimário, conhecido como Cinho, é outro artesão que torna a madeira em belos bailarinos e cadeiras. Sua companheira Laine também participa do processo, esculpindo colares de bonequinhos e realizando a pintura das peças. O casal de artesão também se prepara para estar na 23ª Feira da Reforma Agrária do MST em Alagoas.


Imagem em destaque: artesã Laiane. Foto Anidayê Angelo/ MST




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