Estudo da Ufal envolve 1 mil pequenos e pequenas de escolas públicas de Maceió – tanto crianças neurotípicas como com transtornos do neurodesenvolvimento (deficit de atenção e autismo)
Por Thâmara Gonzaga, jornalista da Ufal | De Maceió (AL)
Correr, pular, segurar um copo, fazer o movimento de pinça (usar os dedos indicador e polegar para fazer ou pegar algo).
Atividades simples, mas que representam marcos importantes no desenvolvimento motor infantil.
Na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), uma pesquisa vai estudar alguns desses marcos nas crianças atendidas pelo Colégio de Aplicação Telma Vitória (CApTV) e pela Escola Professora Maria Carmelita Cardoso Gama.
O trabalho é coordenado pela professora do Instituto de Educação Física e Esporte (Iefe) da Ufal, Chrystiane Toscano, e vai atender cerca de 1 mil crianças, de 3 até 6 anos, em Maceió.
A docente explica que o estudo buscará analisar e comparar a situação de funcionalidade e saúde em relação ao desenvolvimento típico (aquele que ocorre conforme o esperado para a idade da criança) e aos transtornos do neurodesenvolvimento, a exemplo do Transtorno do Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
“É pretendido compreender a caracterização do perfil de competência motora de crianças em idade pré-escolar de escolas públicas da cidade de Maceió, visto que os profissionais de Educação Física não apresentam atuação neste ambiente e, desta forma, as atividades estruturadas no contexto da alfabetização motora não é um ponto tratado por um especialista do movimento humano”, explica a pesquisadora.
Chrystiane Toscano é doutora em Ciências do Desporto e Educação Física, com pesquisas sobre caracterização de perfil coordenativo motor de crianças neurotípicas e qualidade de vida da população com transtorno do espectro do autismo.
Ainda de acordo com a docente, o objetivo é “conhecer qual a relação entre o perfil coordenativo motor e variáveis relacionadas ao perfil de saúde, tempo de tela, nível de atividade física e aspectos sociodemográficos”.
AVALIAÇÃO MOTORA
O estudo já foi iniciado.
Ao longo da pesquisa, as crianças participarão de algumas atividades lúdicas que atendem a critérios científicos.
A doutora explica: “Será aplicado o protocolo do teste Movement Battery for Children – 2 (MABC-2) [criado no Reino Unido e um dos mais utilizados por pesquisadores de diversos países] para avaliar o desempenho motor de crianças em idade pré-escolar. A bateria é constituída por um conjunto de testes composto por três domínios avaliativos: destreza manual, alvo/precisão e equilíbrio”.
Ela ressalta que tudo será feito respeitando a espontaneidade e a disposição da criança, a fim de garantir dados que representem, de fato, a condição de cada uma delas.
FAMILIARES
Também serão aplicados aos familiares três questionários para caracterização do perfil de saúde, tempo de tela, nível de atividade física e condições sociodemográficas.
“Em posse dos resultados, será realizada reunião com os docentes das unidades de ensino para apresentação dos resultados por grupo de idades e indicação de procedimentos de intervenção sugestivo para cada um dos grupos (vermelho, laranja e verde)”, informa Toscano.
ATÉ DEZEMBRO
A expectativa dos pesquisadores é, até o mês de dezembro, conseguir dar um retorno para algumas das famílias das crianças participantes, principalmente, para aquelas em faixa etária para mudar de escola.
“As famílias serão convidadas a participar de uma reunião coletiva para conhecer os resultados globais da pesquisa e receberão, de forma individualizada, uma ficha com os resultados da aplicação do instrumento MABC-2”, afirma a professora.
Toscano ainda informa que, enquanto pesquisadora, “ficará à disposição para responder às perguntas e realizar recomendações domésticas de manejos, principalmente, para grupos com comprometimento ou em risco de interferência motora”.
PARCERIA COM UNIVERSIDADE DA BAHIA
O estudo coordenado pela docente terá abrangência interestadual e será realizado em parceria com o pesquisador Jorge Lopes Cavalcante Neto, doutor em Fisioterapia e professor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb).
O docente tem experiências em pesquisas nas áreas de avaliação e intervenção na funcionalidade e saúde nas desordens do neurodesenvolvimento, com ênfase no Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC) e Transtorno do Espectro Autista (TEA).
No início de setembro, Jorge esteve na Ufal para participar de um momento formativo com a equipe do projeto.