Exposição de Museologia, da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), reúne fotos, cartazes, vídeos, painéis; reproduz cenários e pede ao público que deixe suas impressões. Entrada é livre e gratuita
Por Wagner de Alcântara Aragão (@waasantista) | De Curitiba (PR)
A palavra “repressão” riscada, e um “resistência” anotado, em substituição.
Esse detalhe da identidade visual da exposição “Cartografia da repressão/resistência – memórias da ditadura em Curitiba” expressa com precisão o que se vê na mostra.
Ao mesmo tempo que a instalação e acervo expõem informações, dados e lugares que serviram aos propósitos da ditadura civil-militar de 1964 a 1985, apresentam também registros sobre a luta contra o regime de exceção e pelo restabelecimento da democracia.
A exposição fica em cartaz até 28 de outubro, em campus da Universidade Estadual do Paraná (Unespar) situado no Centro de Curitiba. Rodas de escuta, oficina, debate e visitas guiadas de estudantes também compõem a programação.
A entrada é livre e gratuita.
EXPERIÊNCIAS
A experiência da mostra começa com o cruzar a cortina do espaço. O tecido, cortado em fatias, tem estampada a foto da capa do livro “Vozes da Resistência”.
O que chama a atenção nessa foto é um jovem estudante, com estilingue em mãos, defendendo-se da repressão de forças militares.
Uma linha do tempo, que se inicia ainda nos anos 1940 e termina nos anos 1980, traz textos e fotos que relembram a situação do país desde décadas antes do golpe de 1964, e a vida depois de instaurada a ditadura pelos golpistas.
Na sequência, uma mapa de Curitiba tem em relevo desenho da fachada de edificações em que tanto repressão como militância se fizeram presentes. Mais adiante, rostos e nomes de militantes locais históricos.
Um cenário reproduzindo gabinete dos antigos Dops (Departamentos ou Delegacias de Ordem Política Social), onde depoimentos de presos políticos eram tomados à força, mediante práticas de tortura de crueldade inimaginável, e fac-símiles de documentos e jornais formam o setor da mostra que evidencia a repressão.
Em seguida, painéis, fotos, cartazes e vídeo tratam dos atos de resistência. Dos protestos ainda nos anos 1960 e 1970, ao movimento por Diretas Já, há registros em diversas linguagens.
“Cartografia da repressão/resistência – memórias da ditadura em Curitiba” estimula a interatividade. Códigos QR Code levam a ambientes na internet com mais informações.
Em um canto em que cartazes e lambe-lambes contextualizam a cultura como estratégia de resistência, um desses materiais remete, mediante leitura pelo smartphone, a uma lista de músicas dos anos 1960 e 1970.
A interatividade pode ser feita por manuscrito também. Duas colunas foram reservadas para receber anotações dos visitantes.
Tem de tudo: elogios à exposição, palavras de ordem, frases de alerta, nomes e datas, desenhos…
ATIVIDADES PARALELAS
A organização da exposição informa que a programação de atividades paralelas é composta de:
- Roda de Escuta, em 17 de outubro: aberta ao público, evento compartilha vivências a partir de relatos de ex-presos políticos, militantes e vítimas do autoritarismo. Inscrição: https://forms.gle/1kwa76B6oPAo32TS6.
- Oficina de Bordado, em 24 de outubro: ministrada pela professora Miliandre Garcia de Souza, a oficina explora memórias de resistência por meio da arte do bordado. Inscrição: https://forms.gle/EopvQfW4wAKw33QX8.
- Mesa Redonda “Arte e Resistência”, em 31 de outubro: com as professoras Andrea d’Alessandri Forti, Isadora Mattiolli e Miliandre G. de Souza. Inscrição: https://forms.gle/R94UQweJJyvWDLZt5.
“Cartografia da repressão/resistência – memórias da ditadura em Curitiba” é uma exposição curricular realizada por estudantes do terceiro ano do curso de Museologia da Escola de Belas Artes do Paraná, da Unespar, com supervisão do corpo docente, e parceria com diversas instituições.
A mostra está instalada no Laboratório de Exposições Leonor Botteri, na Rua Saldanha Marinho, 131. Fica aberto nos dias e horários de aula.
Mais informações no instagram do curso de Museologia: @musadabelas.