Banco Central, dominado pelo mercado financeiro, faz valer os interesses dos rentistas, para a alegria da elite especuladora e do Santander, Bradesco e Itaú
Por Wagner de Alcântara Aragão (@waasantista) | De Belém (PA)
O Comitê de Política Econômica Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira, 6 de novembro, elevar a taxa básica de juros do Brasil, a Selic.
Vai de 10,75 % ao ano para 11,25% ao ano.
São taxas extremamente elevadas.
Nas últimas semanas, têm sido divulgados os balanços trimestrais dos bancos em operação no Brasil.
Só os três maiores privados – Itaú, Bradesco e Santander – lucraram, no terceiro trimestre de 2024, um total de quase R$ 20 bilhões.
Sim, em apenas três meses – julho, agosto, setembro – R$ 20 bilhões.
Isso é mais, por exemplo, que o montante de investimentos da cultura até 2027, da ordem de R$ 15 bilhões.
É a metade do orçamento trimestral do bolsa família.
Apenas algumas comparações para se ter uma dimensão do quão estratosféricos são os lucros dos bancos no Brasil.
Só que, enquanto bolsa família, cultura, entre outros investimentos públicos significam geração de empregos e distribuição de renda, a taxa de juros alta e os lucros astronômicos dos bancos fazem o contrário: não levam a economia crescer e concentram ainda mais a renda nas mãos de uma privilegiada elite financeira.
O lucro dos bancos não é resultado da competência de seus empreendedores.
É presente dado pela política macroeconômica do país.
É dizer: os bancos só lucram isso tudo porque têm a ajuda do governo, que conduz – pressionado pelo poder do mercado financeiro, bancos incluídos – essa política macroeconômica.
Lucram tudo isso às custas, principalmente, da sociedade.
Alcançam esses lucros bilionários porque as taxas de juros estão nas alturas.
Estão nas alturas porque o Banco Central, dominado pelos interesses do mercado financeiro, mantém a Selic em cima.
A Selic alta faz crescer o gasto do governo com juros da dívida pública.
Para que o governo tenha sempre dinheiro para pagar os juros dessa dívida – que vão para o mercado financeiro – esse mesmo mercado financeiro põe a faca no pescoço do governo para “cortar gastos”.
Mas os gastos que o mercado financeiro exige que o governo corte não são os gastos com os juros da dívida pública. É o corte nos gastos nas políticas públicas para o povo e para o desenvolvimento econômico e social do país.
Sem saída – já que quem manda no governo e na oposição de direita é o mercado – o governo passa tesoura nos recursos de políticas públicas.
E então só assim o mercado financeiro “reage bem”.
Os lucros dos bancos só crescem.
Os lucros estratosféricos dos bancos privados e as taxas de juros nas alturas perpetuam as desigualdades e as discriminações estruturais.
Mantêm o Brasil no atraso.
Imagem em destaque: campanha do Sindicatos dos Bancários de Santos, já em 2018, alertando para a atuação predatória do mercado financeiro. Foto: divulgação
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